UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Bem Maior



Não existe maior bem do
que fazer a felicidade de alguém.
Nem nada menos caro,
nem mais fácil, pois
que a felicidade é algo
que se pode oferecer
em gestos, e atenções.
Se olhamos à nossa volta,
percebemos que a
carência humana está
no fato das pessoas
terem perdido os valores
imateriais a favor
dos materiais.
Compra-se quase tudo em
nossos dias... mas o
bem ninguém compra.
Compra-se até companhia,
mas não a sinceridade.
Compra-se conforto,
mas não a paz de espírito,
não a tranqüilidade,
menos ainda a felicidade.
Esta a gente oferece.
Há uma grande diferença entre o dar
e o oferecer.
Quando damos, estendemos a mão,
mas quando oferecemos...
é nosso coração
que entregamos junto,
é um pedacinho de nós
que vai caminhando na direção
do outro e o bem que ele
provoca retorna ao nosso interior.
Tornamos pessoas felizes
quando damos de nós mesmos.
E damos de nós quando
oferecemos o
que quer que seja de
coração escancarado.
O grande mal do mundo
consiste no fato das
pessoas guardarem coisas para si.
Guardam bens,
guardam sentimentos,
guardam declarações,
guardam ressentimentos,
falam ou calam na hora
errada.
Vivem de aparências com
as gavetas da alma
repletas de coisas inúteis.
E quando morrem,
tornam-se pó,
como todo mundo,
sem ter aproveitado
o tempo para compartilhar,
com honestidade,
o bem que a vida lhes ofereceu.
A maior herança que podemos
deixar à humanidade
é o amor que oferecemos de várias
formas, são as pequenas
felicidades do dia-a-dia
que vamos distribuindo aqui e acolá,
a compreensão que acalma
as almas inquietas e a
ternura que abranda os
desenganos da vida.
E o que representa a felicidade
hoje pode não
representar amanhã.
Por isso ela é tão múltipla,
tão incompreendida e tão necessária.
Por isso é tão importante
distribuir sorrisos,
plantar flores,
fazer visitas,
dar bom dia e boa noite,
não se esquecer dos
abraços e dos te amo imprescindíveis
ao coração.

(Autora: Letícia Thompson)

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