UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

LIVRO: Visto do Céu - Título original: The Lovely Bones


Category:Books
Genre: Literature & Fiction
Author:Alice Sebold  - Tradução: Ribeiro da Fonseca

Sinopse: Susie Salmon tem o olhar vivo e irrequieto dos seus catorze anos. Observa o desenrolar da vida: os colegas da escola, a família, o lento passar dos meses e das estações. Está tudo muito calmo, tudo parece muito acolhedor. Um único pormenor desmente tanta placidez: é que, de fato, Susie já morreu. Estranhamente, o céu parece-se muito com o recreio da escola, nem sequer faltam os balanços. Pouco a pouco, Susie compreende que é o centro das atenções: os colegas comentam os rumores sobre o seu desaparecimento, a família ainda acredita que ela poderá ser encontrada, o assassino tenta esconder as pistas do seu crime...

*******

Um olhar diferente sobre a vida após a morte. Visto do céu conta-nos a história de Susie Salmon, uma jovem de 14 anos que é violada e assassinada por um vizinho e que, a partir daí, passa a observar a sua família, amigos e até o seu assassino do seu céu. Mas é também, e sobretudo, uma história sobre as diferentes formas de lidar com a perda de um ente querido e sobre o impacto que uma vida (ou, neste caso, a sua ausência) tem em tantas outras vidas. Apesar de ser uma história triste, a forma como a autora a conta não é piegas, nem promove a lágrima fácil. No final, o sentimento predominante foi a esperança. Esperança na capacidade de cura do ser humano, na sua capacidade de ultrapassar a perda e de se reinventar e, em última análise, de sobreviver.

Nenhum comentário: