UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 15 de outubro de 2011

LIVRO: A Ilha Debaixo do Mar


Category:Books
Genre: Literature & Fiction
Author:Isabel Allende

Sinopse: Para quem era uma escrava na Saint-Domingue dos finais do século XVIII, Zarité tinha tido uma boa estrela: aos nove anos foi vendida a Toulouse Valmorain, um rico fazendeiro, mas não conheceu nem o esgotamento das plantações de cana, nem a asfixia e o sofrimento dos moinhos, porque foi sempre uma escrava doméstica.
A sua bondade natural, força de espírito e noção de honra permitiram-lhe partilhar os segredos e a espiritualidade que ajudavam os seus, os escravos, a sobreviver e a conhecer as misérias dos amos, os brancos. Zarité converteu-se no centro de um microcosmos que era um reflexo do mundo da colônia: o amo Valmorain, a sua frágil esposa espanhola e o seu sensível filho Maurice, o sábio Parmentier, o militar Relais e a cortesã mulata Violette, Tante Rose, a curandeira, Gambo, o galante escravo rebelde... e outras personagens de uma cruel conflagração que acabaria por arrasar a sua terra e atirá-los para longe dela. Quando foi levada pelo seu amo para Nova Orleans, Zarité iniciou uma nova etapa onde alcançaria a sua maior aspiração: a liberdade. Para lá da dor e do amor, da submissão e da independência, dos seus desejos e os que lhe tinham imposto ao longo da sua vida, Zarité podia contemplá-la com serenidade e concluir que tinha tido uma boa estrela.

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Nesta história Isabel Allende aborda o tema da escravatura em finais do século XVIII, e pela mão da pequena Tété, ficamos a conhecer como nasceu o Haiti, naquela altura conhecido por Saint Domingue. A opressão dos colonos franceses, as plantações de cana-de-açúcar, a escravatura e finalmente a rebelião dos escravos que dizimou milhares, tanto de um lado como do outro.

Nessa altura viajamos com Tété rumo a Cuba e mais tarde para Nova Orleans no Louisianna, ainda colônia espanhola, prestes a ser vendida aos franceses e uns anos mais tarde à América do Norte.

A vida de Tété, os seus sofrimentos, as suas paixões, a forma simples e honesta como encarava a vida, a sua integridade como pessoa, a sua fragilidade e a sua força, são sem dúvida as principais razões que nos levam a ler com avidez cada página desta sua história.

«Todos temos dentro de nós uma insuspeita reserva de força que emerge quando a vida nos põe à prova.»

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