UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Dois... Apenas Dois


Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos 
Frente a frente... 
... Sempre...
... A se olharem... 
Pensar talvez:
"Paralelos que se encontram no infinito..."
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.

(Autor: Pablo Neruda)

Nenhum comentário: