UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Lua Cheia



Desde então, mesmo quando chove
ou o céu tem nuvens, sabem sempre
quando a lua é cheia.
E quando míngua e some, sabem que
se renova e cresce e torna a ser cheia
outra vez e assim por todos os séculos
e séculos porque é assim que é e sempre
foi e será, se Deus quiser e os anjos
disserem Amém.
E dizem, vão dizer, estão dizendo,
já disseram!

(Autor: Caio Fernando Abreu)

Nenhum comentário: