UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 29 de março de 2011

Oração da Páscoa



O ser humano vivencia a si mesmo, 
seus pensamentos como algo separado do resto do universo 
numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. 
  Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão, 
ampliando o nosso círculo de compaixão, 
para que ele abranja todos os seres vivos 
e toda a natureza em sua beleza.
 Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, 
mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação 
e o alicerce de nossa segurança interior.    
(Albert  Einstein)

Senhor! 
Sei que a Páscoa é tempo de renascimento 
e de celebrar a vida...
Mas, Senhor, estou cansada e preciso que me envies a força da águia, daquela águia branca da paz que tem mais garra do que doçura, que tem mais coragem do que suavidade, que luta até o final para se transformar, para se desfazer do que a atrapalha em sua missão e, mesmo sentindo a dor e lidando com seu tempo de espera, renasce e continua vivendo...
Preciso continuar em minha jornada e alimentar minha fé, apesar de ver e sentir que mudanças tão importantes e desejadas não acontecem, 
no mundo e em meu próprio universo.
Tira de meu olhar o cansaço de quem espera e o ilumina com a esperança de que estou fazendo o melhor, embora às vezes sem parcerias, e que isto é que importa!
Senhor! Fortalece meus pés como as garras da águia branca para que eles não se afastem da terra e da realidade da Vida, mas me dê longas asas para que eu possa voar além do egoísmo, da intransigência e da mágoa, e conseguir continuar a perdoar a mim mesma e a quem me fere sempre do mesmo modo, desafiando minha fé.
Houve um dia, Senhor, em que eu queria ter nascido uma gaivota, mas, com o tempo, percebi que a gaivota de meus sonhos, o Fernão Capelo de minhas metas, era semelhante à águia que deve habitar nossa alma.
Permita que eu continue amando até o final e que enfrente as mudanças que terei que fazer para conservar minha Paz...

(Autora: Elisabeth Salgado)

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