UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 24 de março de 2011

No Clima da Oração


A oração nem sempre nos retira
do sofrimento, mas sempre nos reveste
de forças para suportá-lo.

Não nos afasta os problemas
do cotidiano, entretanto, nos clareia
o raciocínio, a fim de resolvê-los
com segurança.

Não nos modifica as pessoas difíceis
dos quadros de convivência, no entanto,
nos ilumina os sentimentos, de modo
a aceitá-las como são.

Nem sempre nos cura as enfermidades,
contudo, em qualquer ocasião,
nos fortalece para o tratamento preciso.

Não nos imuniza contra a tentação,
mas nos multiplica as energias
para que lhe evitemos a intromissão,
sempre a desdobrar-se, através
de influências obsessivas.

Não nos livra da injúria e da perseguição,
entretanto, se quisermos, ei-la que nos sugere
o silêncio, dentro do qual deixaremos
de ser instrumentos para a extensão do mal.

Não nos isenta da incompreensão alheia,
porém, nos inclina à tolerância
para que a sombra do desequilíbrio
não nos atinja o coração.

Nem sempre nos evitará obstáculos
e as provações do caminho que nos
experimentem por fora, mas sempre
nos garantirá a tranqüilidade,
por dentro de nós, induzindo-nos
a reconhecer que, em todos os acontecimentos
da vida, Deus nos faz sempre o melhor.

(Autor: Meimei - Psicografado por Francisco Cândido Xavier)

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