UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Lamento


o lamento de lamentar
o que não se pode dar
o desespero de sentir
do peito o coração se despir

a lembrança ainda criança
a esperança talvez lembrança
vivendo o novo dia
como há muito não fazia

tudo é emoção
tudo é sensação
sentindo a dor
se desfazendo em amor

mas, sempre existe o mas,
condicionando a se aceitar
quando tudo que se quer
é somente se dar

mas o dar pode não ser o bastante
tênue como uma brisa
incontrolável como o mar
quanto mais perto se chega
mais longe ele está

outro amanhã virá
novas emoções outras sensações
e talvez o ontem, que muito prometia
seja o amanhã, que hoje se desvia.

(Autor: Dibruck ) 

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