
Cada um com o seu. O umbigo nosso de cada dia. Em torno do qual tudo gira tudo, acontece, tudo permanece. E somos deuses com nossos umbigos, preocupados que estamos com nossos negócios, nossas mazelas, nossa escuridão, nossa podridão. Não, ninguém há de saber o que se passa, pois somos só nós e nossos umbigos. Os senhores da vida e da palavra. Donos da verdade e da falta dela quando convém. Donos da dignidade que ninguém vê. Passeamos com os pés acorrentados aos fantasmas do passado, e as marcas? Juramos que ninguém as tem tão profundas e sulcadas, sangrando nossa última gota do sangue já gelado. Ninguém. Não olhamos para o lado, para o que agoniza caído ao chão, não. Porque nossa dor, ora, é infinitamente maior. Quem é fulano, com seu umbiguinho tão pequenininho para se achar no direito de sofrer mais, ou acreditar que sua dor seja maior? Não. Gente estúpida!Quanta gente estúlpida! Restamos eu, e meu umbigo. E a dor, que é minha por merecimento.
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