UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 22 de abril de 2009

LIVRO: Romanceiro da Inconfidência

Category: Books
Genre: Literature & Fiction
Author: Cecília Meireles


A especificidade do Romanceiro da Inconfidência

Cecilia Meireles inovou, ao escrever seu Romanceiro da Inconfidência. Pegou de um tema abrangente, histórico, até certo ponto nacional, coisa que não tinha feito antes. Fruto de longa pesquisa histórica, Romanceiro da Inconfidência é, para muitos, a principal obra de Cecília Meireles. Nesse livro, por meio de uma hábil síntese entre o dramático, o épico e o lírico, há um retrato da sociedade de Minas Gerais do século XVIII, principalmente dos personagens envolvidos na Inconfidência Mineira, abortada pela traição de Joaquim Silvério dos Reis, o que culminou na execução de Tiradentes. É com o Romanceiro da Inconfidência que ela passa a exprimir o drama da liberdade em sua luta contra os poderes tirânicos. Tudo indica que — aí sim — ela de fato deu corpo àquele "impulso de investigação temática" que lhe faltava, senão no plano da reflexão (= da filosofia), pelo menos no plano das emoções e dos mais altos sentimentos humanos. É verdade que uma investigação temática (= mergulho "reflexivo" no assunto) pressupõe igualmente um mergulho da alma na natureza dos fatos, e, portanto, uma reflexão sobre aquilo de que se está falando. Ora, Cecilia fez isso com a sensibilidade, com a comoção humana.De fato, ela não tinha um pendor, digamos, "pensamental", como Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e outros. Mas isso não é imprescindível num poeta. Nós devemos analisar um poeta pelo que ele tem ou por aquilo que ainda lhe falte, mas não pelo que ele ahsolutamente não tem. Da mesma forma que não podemos querer que um fundista dos 1.500 metros vença os cem metros rasos nas Olimpíadas. Igualmente, entre os poetas, também há os gêneros e as vocações.

Os dois sentidos da musicalidade.

Outro ponto importante está na reconhecida musicalidade da poesia ceciliana. É preciso considerar duas manifestações dessa musicalidade, a do verso e a da palavra. Um verso é uma "linha" de palavras, uma linha provida de melodia. Essa melodia costuma ser fácil nos versos curtos, e complexa nos versos longos. Por quê? Porque a sintaxe dos versos curtos costuma ser mais simples, apresentar menos inversões (= hipérbatos) e um menor acúmulo de elementos. Um verso curto costuma retomar uma sintaxe próxima à da fala cotidiana.No Romanceiro da Inconfidência, nós notamos uma bela variedade de versos curtos, sobretudo de redondilhos maiores ou heptassflabos, embora também apareçam, aqui e ali, versos de medida maior ou menor que essa.

A natureza do verso.

Um verso não é apenas uma linha constituída de palavras. Um verso é também uma seqüência regular de repetições e diferenciações de elementos. A rima, que é um desses elementos, é constituída por uma forma sonora final, que se repete no final de um outro verso. Certas consoantes e vogais também se repetem de maneira intencional e expressiva, porque a repetição regular produz o ritmo. Há também um ritmo semântico, ou seja, uma repetição regular de imagens e idéias através das diferenças que também vão aparecendo no conjunto do poema. Vejamos um exemplo:
O país da Arcádia iaz dentro de um leque:

Sob mil grinaldas, verde-azul floresce. Por ele resvala, resvala e se perde, a aérea palavra que o zéfiro escreve.

Repare que cada verso (= linha) é marcado por uma pausa final e por um grupo de fonemas (sons consonantais e vocálicos) que se repete semelhante-mente num outro verso: -ádia, -aldas, -ala, -avra nos versos ímpares e -eque, -esce, -erde, -eve nos versos pares. Esse é o fenômeno que chamamos rinãza. Repare que, em nenhum momento, há coincidência perfeita de sons. Dizemos, então, que as rimas são imperfeitas. As rimas imperfeitas são toantes (ou têm assonância quando apenas as vogais coincidem, como, por exemplo, na vogal tônica aberta de leque e de floresce). Porém a rima não é o único tipo de repetição regular em poesia. Há também o número de sílabas dos versos redondilhos menores (5). Há também semelhanças sonoras que ocorrem fora da rima, como o eco provocado pela palavra verde-azul na palavra Zéfiro, ou o de país sobre mil. Há também as semelhanças semânticas, como a semelhança contextual que existe entre Arcádia e verde-azul floresce ou que existe entre leque e grinaldas. Esse tipo de constelação de semelhanças fez com que já se definisse a função poética como aquela em que o eixo das semelhanças se proleta sobré o eixo das diferenças.

Hannouias da palavra.

Saiamos do verso e vejamos o que acontece na palavra tomada isoladamente, ou seja, na palavra que nós consideramos em si mesma, sem levar em conta o que vem antes e o que vem depois. Essa palavra isolada costuma corresponder — não a uma melodia, mas a um acorde, ou seja, a um grupo de sons tocados ao mesmo tempo, espécie de harmonia jogada no ar. Exemplifiquemos. Certos nomes próprios, como Cristina ou Laura, são musicais, são verdadeiros acordes de vogais e consoantes bem combinadas. Mas, se combinarmos essas duas palavras, formando um pequeno verso, de acordo com as duas maneiras por que essa combinação é possível, teremos duas possibilidades, duas melodias, uma das quais é desagradável. De fato, Cristina Laura é muito inferior a Laura Cristina. Repare no que dissemos: cada palavra é um acorde, e cada grupo de palavras (verso) é uma melodia, um verso. Às vezes um verso pode ser melodicamente fraco, e suas palavras podem ser harmonicamente fortes e vice-versa. Por exemplo, o verso Palustre e bela era a garupa da vaca soa meio caricato, tem uma cadência atrapalhada, que dificulta tanto a pronúncia como a audição. Jorge de Lima, contudo, escreveu: A garupa da vaca era palustre e bela, e, aí sim, nós temos um verso agradável, tanto pelas palavras em si mesmas quanto pelo conjunto representado no verso. Cecilia Meireles utiliza palavras de musicalidade extraordinária, mas que, por vezes, se apresentam dentro de versos silabicamente modestos, até monótonos, ou seja, versos que não têm a sugestão musical que as palavras em si mesmas têm. Outras vezes, felizmente, a presença de tais palavras harmônicas étão intensa, que nós não nos importamos com a limitação melódica do verso. Veja-se este exemplo:

Mil bateias vão rodando sobre córregos escuros; a terra vai sendo aberta
por intermináveis sulcos; infinitas galerias
penetram morros profundos.

Descreve-se aí a busca do ouro, o movimento das bateias, as águas, que lavam o ouro e penetram no chão profundamente, num conjunto que não exclui um certo mistério, uma sugestão de tortura entre o homem e a natureza aprisionada. Palavras como bateias, sulcos, galerias enobrecem o conjunto e rebatem a impressão de rusticidade, que é patente nesse trabalho explorador. Dessa forma, o caráter seleto do vocabulário compensa o caráter degradado da realidade. Os efeitos são inegavelmente fortes. A palavra terra, por exemplo, apresenta uma clássica sugestão uterina, e adjetivos como intermináveis, infinitos, profundos realçam uma certa vocação de enigma que Cecilia Meireles sempre cultivou. Note-se, porém, o simplismo da construção sintática: três pares de orações coordenadas, repetindo praticamente os mesmos recursos (dois gerúndios, duas locuções verbais, e sobretudo quatro frases formadas por substantivo e adjetivo). Apesar de ser essencialmente lírica, subjetiva e pessoal, Cecília Meireles não deixou de realizar a chamada poesia social. E mesmo neste campo, o poeta afirmou sua subjetividade ao fato histórico. Foi no movimento da Inconfidência Mineira, com suas lendas, tradições, sua atmosfera de almas penadas, de bruxas, de enforcados, de suicidas, que sua sensibilidade buscou o social. Esta busca do social afinou ainda mais o seu instrumento lingüístico. De fato o Romanceiro da Inconfidência é a combinação de sensibilidade poética, domínio absoluto da linguagem, erudição e pesquisa histórica. Antes de tudo, o que se destaca nesse livro é a sua rigorosa unidade. O Romanceiro desenha-se como uma obra que tem cabeça, tronco e membros, e que leva a cabo um assunto difícil. De fato, Cecília Meireles não faz poesia-manifesto nem de programação política. A visão histórica e social não influenciou sua expressão poética. Ao contrário, o mito e a dimensão histórica surgem da riqueza poética. Para isso, Cecília Meireles remonta às origens da língua portuguesa, mostrando extrema consciência do clássico e do moderno, retirando do particular o sentido universal, projetando o passado para o futuro.

GÊNERO ROMANCEIRO

O gênero romanceiro é uma coleção de poesias ou canções de caráter popular. De tradição ibérica, surgiu na Idade Média e é, em geral, uma narrativa com um tema central. Cada parte tem o nome de romance – que não deve ser confundido com a denominação do atual gênero em prosa. Nessa obra de Cecília Meireles, há 85 romances, além de outros poemas, como os que retratam os cenários. Em sua composição, é utilizada principalmente a medida velha, ou seja, a redondilha menor, verso de cinco sílabas poéticas (pentassílabo) e, predominantemente, a redondilha maior, verso de sete sílabas (heptassílabo). Publicado em 1953, depois de infinitas pesquisas históricas e técnicas, dissolveu-se a crítica que considerava Cecília Meireles um poeta alienado da realidade brasileira, o Romanceiro mostra-se arraigado à tradição nacional. Antes de mais nada, convém advertir que o Romanceiro é uma coletânea de romances (composto por oitenta e cinco romances). O romance é entendido, nessa obra, como uma forma poética medieval, constituindo um poema épico-lírico. Um fio narrativo passa através dos vários romances que compõem o Romanceiro, sem que a ação se sobreponha à reflexão. Alguns cortes possibilitam a mudança de ambientes ou de figuras, ou permitem ao narrador anunciar ao leitor uma nova situação dramática. Podemos dividir o Romanceiro em cinco partes:

1. A descrição do ambiente em que vai ocorrer a ação

Caracterização do minerador, seu papel social e histórico, suas figuras humanas e sociais, suas crenças e expectativas. Elementos ligados à tradição lendária (o caçador que se embrenha na mata, o caso da donzela assassinada pelo próprio pai, o cantar do negro nas matas, a que se podem associar os romances Do Chico-Rei e o De Vira-e-Sai) ou à tradição histórica (a troca dos "quintos", o fim de Ouro Podre, o requesto promovido pelo ouvidor Bacelar, a provocante história de Chica da Silva, amante de João Fernandes, a cobiça do conde de Valadares, que desgraçou a ambos, o adensar-se da ambição de posse e das idéias de libertação, mais pronunciado nos três últimos romances desta primeira parte. De qualquer forma, toda esta primeira parte está governada por um princípio de reorganização lendária e folclórica da realidade histórica, com intensa participação da atmosfera de estribilho popular (dialogismo, provérbios, exclamações) e sugestão de coral trágico a que já fizemos referência.

2. O desenvolvimento da trama e a descoberta dos planos.

Na segunda parte, aparecem, além do cenário, o desenvolvimento da conspiração, o seu fracasso e o prenúncio das desgraças que se abaterão sobre os inconfidentes. A figura principal da segunda parte é o Alferes, em tomo do qual vários motivos poéticos imprimem-lhe um aspecto lendário: a fala dos tropeiros, os presságios do cigano, os boatos, as palavras levianas que o levam à prisão. Começa propriamente a articulação do movimento rebelde contra a opressão lusitana: Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, uns sugerem, uns recusam, uns ouvem, uns aconselham. Se a derrama for lançada, há levante com certeza. Corre-se por essas ruas? Corta-se alguma cabeça? Do cimo de alguma escada, profere-se alguma arenga? Que bandeira se desdobra? Com que figura ou legenda? Coisas da maçonaria, do Paganismo ou da Igrefa? A Santíssima Trindade? Um gênio a quebrar algemas? (Romance XXIV ou Da Bandeira da Inconfidência.)

O clima de terror começa com a chegada de uma carta misteriosa e ameaçadora:

Veio uma carta de longe.

O que dizia não sei.

Há calúnias, há suspeitas...

(Vede as lanelas fechadas!

Confabulam! Querem Rei!)

(Romance XXV ou Do Aviso Anônimo.)

Não obstante, toma vulto a agitação preparatória do movimento, a fermentação das idéias liberais, a atividade incansável de Tiradentes, a carta-denúncia de Joaquim Silvério, e a repressão do governo central, com a prisão dos principais envolvidos. Poetização da figura de Tiradentes (a fala dos velhos, a ironia dos tropeiros, a predição do cigano, o mistério dos seguidores encapuzados, as testemunhas, os delatores — estes últimos são especialmente focalizados pela indignação do poeta).

3. A morte de Cláudio Manuel da Costa e de Tiradentes.

As circunstâncias misteriosas em que se deu a morte de Cláudio Manuel da Costa servem de substância para a divagação de Cecília Meireles. A morte de Tiradentes, por sua vez, é antecipada nas palavras do carcereiro. Focaliza-se também a Tomás Antonio Gonzaga, suas angústias e expectativas de prisioneiro, seus sonhos, suas fracassadas tentativas de se libertar por meios judiciários. Essa parte culmina com o momento verdadeiramente trágico de Tiradentes: seus passos de condenado rumando à forca, a indiferença ou o contentamento de uma parte da população, etc.

4. O destino de Tomás António Gonzaga e Alvarenga Peixoto.

Esta parte se abre com um panorama do ambiente em que Gonzaga vivera e se tornara magistrado e poeta de prestígio. Depois, vem caindo sobre ele a ironia trágica, representada nas murmurações e desconfianças, na precipitação do desterro (degredo para África), e, portanto, na perda daquela Manha bela que ele cantara como Dirceu apaixonado. Há também uma oposição amarga entre o retrato de Manha e o de Juliana de Mascarenhas (esta última conquistará o coração do poeta, já em seu desterro de Moçambique). Há o inconformismo de Marília, que ficará solteira até o final de sua vida. Há também um verdadeiro ciclo da vida do poeta Alvarenga Peixoto. Sua mulher, Bárbara Eliodora, é focalizada em grande momento lírico de Cecília Meireles. Há também a bela filha de Alvarenga, Maria Ifigênia ("a princesa do Brasil"), que vem a morrer. A imagem final é a da octogenária Marília, indo a caminho da paróquia de Antonio Dias.

5. A presença, no Brasil, da rainha D. Maria, responsável pela confirmação das penas dos inconfidentes.

A quinta parte representa um plano temporal diferente. É o fechamento do Romanceiro da Inconfidência, com alguns poemas de lamento e dramaticidade, reflexão dolorida sobre o conjunto da tragédia mineira. Esta parte é curta e peremptória. Aparece D. Maria I, que 20 anos antes decretara as sentenças de morte e degredo, agora louca, contemplando a terra onde se desenvolveu o drama de soldados, poetas e doutores, seus remorsos e sua morte. O Romanceiro termina com o testamento de Marília, que afasta, no tempo, a perspectiva dramática, com a solene Fala aos Inconfidentes Mortos:

Grosso cascalho da humana vida... Negros orgulhos, ingênua audácia, e fingimentos e covardias (e covardias!) vão dando voltas no imenso tempo,

— à água implacável do tempo imenso, rodando soltos, com sua rude miséria exposta, Parada noite, suspensa em bruma:

não, não se avistam os fundos leitos... Mas no horizonte do que é memória da eternidade, referve o embate de antigas horas, de antigos fatos, de homens antigos.

E aqui ficamos

todos contritos,

a ouvir na névoa

o desconforme,

submerso curso

dessa torrente

do purgatório...

Quais os que tombam, em crimes exaustos, quais os que sobem, purificados?

Características da obra:

a) A herança simbolista e o espiritualismo: um ar de mistério, de crença no imaterial, no extraterreno, perpassa todo o poema. O culto do etéreo, das palavras aéreas marca a ânsia de dar forma ao informe. Expressões como: atroz labirinto de esquecimento, mistério, esquema sobre-humano, silenciosas vertentes, inexplicáveis torrentes instauram um halo espiritualista de crença no imaterial.
b) A utilização da redondilha maior (verso heptassílabo), sem rimas externas regulares (versos brancos), e a exploração da camada sonora, através de aliterações e assonâncias, conferem à Fala Inicial um tom enfático, declaratório, reforçado pelas exclamações e interrogações.
c) O tom evocativo: o mergulho no passado, no atroz labirinto do tempo, nas ressonâncias incansáveis de Vila Rica revela a ânsia da procura de um significado para os fatos: Ó meio-dia confuso / ó vinte-e-um de abril sinistro, / que intrigas de ouro e de sonho / houve em tua formação? / Quem condena, julga e pune? Quem é culpado e inocente? É como se a poetisa, evocando Tiradentes na força, questionasse a casa do martírio. Foi a ambição do ouro? Foi o sonho de liberdade que iluminou aquela gente?
d) O tom inquiridor: o clima de mistério e ansiedade, as lacunas históricas incontornáveis e a busca de um sentido para os fatos projetam-se nas interrogativas que surgem a cada momento. Revelando o mistério que envolve até hoje o "embuçado" e a morte de Cláudio Manuel da Costa, o Romance XXXVIII é composto só de interrogações. O embuçado teria sido um mensageiro mascarado, disfarçado, que viera para tentar salvar Cláudio Manuel da Costa: Homem ou mulher? Quem soube? / Veio por si? Foi mandado? / A que horas foi? De que noite? / Visto ou sonhado?
e) A dualidade: reflete a ambivalência ou ambigüidade que caracterizam as ações do homem - herói e traidor, ódio e amor, punhal e flor, bons e maus, riqueza e miséria. Observe, na Fala Inicial: amores x ódios (v.4); intrigas de ouro e de sonho; (v.19); culpado x inocente (v.22); castigo x perdão (v.24), coroas x machados (v.31); mentira x verdade (v.32); ruínas x exaltação (v.43).

Ganham relevo as passagens que refletem a dualidade entre a justiça e a tirania, entre a liberdade e a opressão:

Em baixo e em cima da terra
o ouro um dia vai secar.
Toda vez que um justo grita,
um carrasco o vem calar.
Quem sabe não presta, fica vivo,
quem é bom, mandam matar. (Romance V)

Ai, terras negras d´África,
portos de desespero...
- quem parte, já vai cativo;
- quem chega, vem por desterro. (Romance LXVII)

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