UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Flor de todos os tempos



Dantes a tua pele sem rugas,
A tua saúde escondia o que era tu mesma.
Aquela que balbuciava,
quase inconcientemente:
'Pode entrar'
A que me apertava os dedos
desesperadamente com medo de morrer.
A menina.
O anjo.
Aflor de todos os tempos.
A que não morrerá nunca.
(Autor: Manuel Bandeira)

Nenhum comentário: