UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 19 de novembro de 2011

Angústia


Destilo saudades em copos vazios 
Entre uma balada e um blues...
A corda quebrada do violão nega a nota 
A letra da canção só tem teu nome... 
... Título e refrão.
A melodia marulhada das ondas 
Batem contra minha sanidade 
Como a buscar lógica na loucura
Mordo o lábio, deslizo pela música 
De meu respirar ofegante...
Teu cheiro me invade, inebrio-me... 
Mágico perfume criado por alquimia 
De algum boticário antigo... 
... Fórmula perdida no tempo.
O vinil na vitrola chega ao fim 
Os músicos recolhem-se ao silêncio
Lembranças ébrias de boemia 
Insistem em mais uma contra-dança
A madrugada deita-se sobre a noite 
Cobrindo-se com o alvorecer...
Na parede um calendário riscado 
Marca menos um dia... 
...Na eterna ânsia de encontrar você.

(Autor: AlexSimas)

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