UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sonhos de Poeta



Sentimentos vagam,
borbulham na imensidão.
Saudades, tormentos,
sonhos traduzem este coração.
Qual poeta que nada sente,
que não reluz?
Traz n’alma o argumento
que no olhar produz.
Claras visões dos sonhos e quimeras não alcançados
Ou dos sentimentos mortos e talves abalroados
Felicidade quer – queres ser também feliz
Todos os desejos almejados quem não bendiz!
Ser poeta nos torna um raro ser humano
Pois poucos nos conhecem, se não me engano.
Poucos momentos onde alguns se alteram e criam.
Sentimentos eloqüentes que nos aliviam
Mas esquecem, que nós poetas, também merecemos
Ter sonhos, ilusão e sentimentos que hoje padecemos.
Pois só escrevemos daquilo que sentimos
E ninguém sente daquilo que transmitimos...

(Autor: José Luiz)

Nenhum comentário: