UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Suspiros Vagos

No relógio as horas batem,
Corre manso o rio das contas
Levando no faz de contas
Tantas vidas pelas margens!

Batem as horas no relógio
Na parede do sobrado,
Tangem almas no assombrado,
Queixas gemem em velório

Nas paixões das horas vagas,
Vagos amores lá dormem,
No peito de amantes sobem,
Saudades, suspiros vagos... 

(Autor: Charles Fonseca)

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