UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Bem-te-vi

Pela janela vi um Bem-te-vi,
fazia bailar toda a flora...
Brindava o sol aqui e ali!
Lembrava cenas de outrora...

Ele não tinha problema em ir
Em seu voo ia sempre feliz.
Não existia isso de partir,
Estava ali e saia num triz...

Fico com esta cena na mente,
Olho ora para terra e o céu.
Meu ser procura e ainda sente,
Vendo ele mais feliz que eu...

Meu corpo não está em mim,
Sou o Bem-te-vi em volta da flor...
Sentindo este perfume vim,
Cantando ao dia cheio de cor.

Essa vida é o meu desejo,
Vendo Primaveras e Outonos
Longas horas que almejo,
Para sair do meu abandono...

(Autora: Betânia Uchôa)

Nenhum comentário: