UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Ah! rosa


Não te desesperes dessa forma
E nem abrevies tua vida a padecer.
Desconhecendo dela os desencantos,
Não saberás da enfermidade do sofrer.

 Desilusão traz sentimentos severos,
Incompreensíveis em sua própria dor.
Quem dera, sendo tão bela, pudessess
Extinguir as despedidas e o rancor.
  
Ah, rosa! Vê que não é culpa tua!
Mesmo sendo o símbolo puro do amor,
Tantas paixões cultivadas entre rosas
Acabaram em jardins sem nenhuma flor.

(Autora: Lucelena Maia)

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