UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Mar Azul


O mar é de um azul profundo,
Que nos invade,
Que atinge,
Que perpassa como uma bala...

Então, é como uma explosão interna!
É como um pássaro esvoaçando,
Que nos abre as asas,
Como se nos abraçasse.

Como se nos quisesse dizer algo.
Dizer que o mundo é belo.
Abrir-nos o coração à vastidão do universo,
E lembrar-nos que somos infinitos.

Não se deixar amordaçar,
Não se esconder, não se restringir.
Abrir a alma e deixar o sol invadi-la.

Encontrando no azul profundo do mar,
O que pensávamos ter perdido:
A essência do divino que cada um comporta.

 Deixar gotejar o suor da face,
Na busca de uma solução.
E encontrá-la no canto dos pássaros,
No coração dos famintos,
Nas esperanças dos pobres...

E deixar-se rejuvenescer,
Deixar-se invadir,
Deixar-se ser amada.
Porque sim, porque se pode...

 Olhando o pôr-do-sol,
Deixando-se inundar pelo azul do mar,
E afogar-se no pó das estrelas.

(Autora: Paula Silva)

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