UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Fulgor de Sonho


De tudo o que já me deu
agradeço à vida o sonho
da rosa que não ganhei.

Minha mão não alcançou
a estrela que desejei
Seu fulgor o sonho inventa

invisível no meu peito.
O navio embandeirado
que espero desde criança

está custando a chegar.
Não faz mal, canta o meu sonho,
as águas que ele navega

sabem a sal de esperança.
Nada perdi...Como posso
perder o que nunca tive?

Vivo a vida do meu sonho,
meu sonho de sonho vive.

(Autor: Thiago de Mello)

Nenhum comentário: