UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Nenhuma vida é esférica



Nenhuma vida é esférica
Salvo as pequenas –
Essas – se mostram de uma vez
E vão-se às pressas –
As grandes – crescem devagar
E caem aos poucos –
Os verões das Hespérides
São longos.

(Autora: Emily Dickinson - Tradução de José Lira)

Nenhum comentário: