UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Ausências



Chegará o dia de entrar
na casa
olhar as cadeiras,
e mesas

vazias,

Observar o mar do silêncio
que arruma a casa,

os ecos,

dos que deixaram
a casa.

Chegará o dia de ver
na casa
o espaço vazio
das janelas
o mato adentrando a porta...

E tudo.

Esta marcha de ausências,
o vazio
sílaba secreta
de certo norte
caberá na bússola de
dentro dos olhos.

(Autor: Georgio Rios)

Nenhum comentário: