UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Poças D'água




... poesia dançando nos campos da alma
na evocação da presença lágrima
a dormir na prece do vento irrequieto.

... murmúrio do amor que se deitou sozinho
na cama fria da desesperança
com saudade do abraço que aquece os corpos
do beijo a sussurrar promessas presença.

... procissão de vozes a se fazerem mar verde
de versos que o vento beija sem chorar
de ilhas virgens a não se deixarem tocar.

Poças d’água
em meus olhos pisados de paisagens alagadas
inundados de todas as vivências
vivências de meus horizontes tímidos
a repousarem sobre estradas gritantes.

(Autora: Alvina Nunes Tzovenos)

Nenhum comentário: