UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Gracejos e Cantares



Te encontrar e te ter a cada instante
não posso mais
Minha doçura agora errante
vaga pelas sombras
triste e muda
por não poder cantar
teu singelo amor marcante
Te busco entre os lençóis da cama
não te encontro entre as pétalas da rosa
quem sabe se já não chegou a hora?
do destino desfechar a trama
Em noites de vários gracejos
em madrugadas de muitos cantares
deveis lembrar todos os beijos
direi que sim, se me perguntares
A saudade agora é grande
meu destino é de um doce amargo
meu coração está fadado
a não te esquecer por um só instante
E é por isso que a poesia existe:
por minha alma não conseguir calar-se
de tanto amor.

(Autor: Adenauer Góes Junior)

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