UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 22 de março de 2012

A Dádiva Difícil




Não avançarás ao longo do caminho, 
sem doar algo de ti mesmo.
Aqui, é o companheiro que
te roga assistência fraterna.
Além, é o desconhecido que
te pede arrimo e esperança.
Agora, é o amparo aos desvalidos.
Depois, é o socorro aos enfermos.
À maneira da embarcação que distribui 
os valores de que se enriquece,
espalharás, seja onde fores, 
os bens que o Senhor te confia.
O pão, a moeda e o agasalho são 
recursos da Terra em tuas mãos.
Fácil será sempre mobilizá-los e estendê-los.
Atenta, contudo, para a dádiva
difícil que sai do coração.
O próprio sacrifício, em favor dos outros, 
é plantação de felicidade no
ambiente em que respiramos.
Aprende a calar para que teu irmão fale mais alto.
Esquece as ofensas alheias, compreendendo 
que poderiam ter sido perpetradas por ti próprio.
Apaga-te para que a luz do próximo seja vista.
Dá em ti mesmo em humildade, paciência,
 brandura, abnegação e amor...
Jesus, transmitindo as bênçãos do Céu 
de que se fazia portador,
era o Médico Providencial dos
sofredores na região em que se mantinha, 
mas aceitando o supremo sacrifício
de si mesmo, na cruz,
converteu-se em Divino
Benfeitor da Humanidade inteira.
Não olvides que a renunciação
aos próprios caprichos, 
na exaltação do bem de todos, será sempre
no mundo a tua dádiva maior.

(Autor: Emmanuel - Psicografado por Francisco Cândido Xavier)

Nenhum comentário: