UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Aprenda com a Natureza


Resplandece o Sol no alto, 
a fim de au­xiliar a todos.
As estrelas agrupam-se em ordem.
O céu tem horários para a luz e para a sombra.
O vegetal abandona a cova escura, 
em­bora continue ligado ao solo,
 buscando a claridade, a fim de produzir.
O ramo que sobrevive à tempestade 
cede à passagem dela, mantendo-se, não obstante, 
no lugar que lhe é próprio.
A rocha garante a vida no vale, 
por re­signar-se à solidão.
O rio atinge os seus objetivos porque 
aprendeu a contornar obstáculos.
A ponte serve ao público sem exce­ções, 
por afirmar-se contra o extremismo.
O vaso serve ao oleiro, 
após suportar o clima do fogo.
A pedra brilha, depois de 
sofrer as li­mas do lapidário.
O canal preenche as suas finalidades, 
por não perder o acesso ao reservatório.
A semeadura rende sempre, 
de acordo com os propósitos do semeador.

(Autor Desconhecido)

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