UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 24 de março de 2012

Bendita as Mãos



Que sejam as tuas, as mãos que abençoam!
Mãos que se erguem na paz...

Que tomam a iniciativa de construir...
Mãos que não receiam macular-se na ação benfazeja.

Que não fogem da realização...
Que levantam o caído...
Que lhe pensam as feridas...

Mãos de samaritanos, mãos de cireneus...
Mãos de sábios e de santos...
Mãos de ricos e de pobres...

Benditas as mãos pródigas de amor!...

(Autor: Carlos A. Baccelli)

Nenhum comentário: