UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

LIVRO: O Estrangeiro

Category:Books
Genre: Literature & Fiction
Author:Albert Camus

Devido ao estudo intensivo de Filosofia que eu aprecio muito foi que eu resolvi ler O Estrangeiro, de Albert Camus. Esse livro escrito por um importante filósofo conta uma história que descreve a vida do personagem Meursault. Logo no começo do livro, ele recebe um telegrama informando que sua mãe havia morrido no asilo. A partir daí é possível começar a notar a total ausência de sentimentos ou afeições do personagem durante o velório e enterro da mãe. Ele não se mostra triste pela morte dela, apenas conformado e indiferente, já que ambos nem se falavam mesmo.
Num segundo momento, o personagem acaba cometendo um assassinato "sem querer", mas acaba sendo preso e julgado. Durante seu julgamento, a morte de sua vítima acaba ficando em segundo plano, aqueles que o julgam consideram muito mais perigoso o fato dele ser totalmente incapaz de sentir remorso ou demonstrar tristeza pela morte da mãe, e por isso, o condenam à morte.
É no momento final de sua vida, próximo à sua condenação, que ele se dá conta de que o mundo é tão indiferente à condição humana quanto ele próprio era em relação ao mundo ao se redor, por isso, pela primeira vez, ele se depara com uma espécie de felicidade: "Ao percebê-la tão parecida a mim mesmo, tão fraternal, enfim, eu senti que havia sido feliz e que eu era feliz mais uma vez."
É o tipo de livro que, para mim, vale a pena ler uma vez quando se está dentro do contexto filosófico no momento, do contrário, prefiro histórias mais felizes e menos
existenciais.

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