UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Indelével Amor - Bárbara de Fátima

Algo indelével, não sei o que.
Na verdade, eu sinto,
mas sei que não posso confiar
em meu coração.
Poderia fazer coisas que jamais fiz,
mas que sempre desejei.

Todo mundo sente, mas por ser profundo
não tem explicação plausível.
É confuso, fico só a te olhar
e contigo, fico a sonhar,
querendo te abraçar, te beijar
e no teu colo me aninhar.

Estou sorrindo, onde você se faz presente.
Estou pensando, quando você se faz ausente.

Tenho medo do inconsciente que
busca um sentido exato e que acalma,
quando sei que o consciente já apreendeu tua alma.

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