UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Estranha Magia


Que magia é esta
Que envolve a alma
e inebria os sentidos?
De onde vem
esta sensação desconhecida
que absorve os pensamentos
e libera as emoções antes contidas?
Que estranho desejo é este,
que alucina,
que domina a mente,
que liberta os instintos...
Almas que se cruzam no espaço,
se aproximam...
se tocam...
se reconhecem...
e em volúpias de prazer
se entregam
à felicidade do reencontro?
Lembranças remotas
adormecidas no recôndito da mente
e que, de repente,
despertam aos poucos
e cobram momentos não vividos?
Que importa saber,
quando o que realmente se deseja
é se entregar...
é sentir...
é esquecer a realidade
e viver este sentimento
que, avassalador,
domina absoluto
a razão de uma existência!

(Autora: Rose Mori)

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