UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Vossos corações


Dai vossos corações,
 mas não os confieis à guarda um do outro. 
Pois somente a mão da vida 
pode conter vossos cora­ções.
E vivei juntos, mas não vos aconchegueis em demasia; 
pois as colunas do templo
 erguem-se separadamente, 
e o carvalho e o cipreste não crescem
 à sombra um do outro.

(Autor: Khalil Gibran)

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