UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Inesquecível


Lua que se quebra
diante de meu desespero
na lembrança da paixão
que vai e vem
fomos tão sinceros
ao som de um bolero
e agora essa falta
que a noite exalta
sem mais ninguém
imagens que surgem
em murmúrios despertados
lábios calorosos
numa primavera qualquer
há de voltar
se ainda me desejas
eu deixaria meu orgulho
na calçada vazia
para que venhas...
vais voltar?

(Autora: Gisela Rodriguez)

Nenhum comentário: