Talvez tivesse morrido de tédio
em pleno azul da tarde
se não fosse o vento
vir subidamente e dizer
o que disse às suas orelhas pendidas.
Que logo não estavam pendidas:
altas, escutavam o vento,
um vento de setembro com qualquer coisa
dos janeiros limpos pelas chuvas
que jamais cessam de cintilar
na memória.
E o vento falou, depois enovelou-se no capim e dormiu.
Merecidamente, deve ter pensado o que o escutara
e, escutando-o, sentira novo gosto pela vida.
Foi o que concluí, olhando disfarçadamente o velho caçador
erguer-se e distanciar-se pelo campo verde,
soprado assim por um vento
que todos nós gostaríamos de ouvir,
agora jovem perdigueiro
indo-se como, digamos, um barco branco
de orelhas pandas,
leve e cada vez mais longínquo,
até se desfazer azul na tarde
azul.
(Autor: Ruy Espinheira Filho)
em pleno azul da tarde
se não fosse o vento
vir subidamente e dizer
o que disse às suas orelhas pendidas.
Que logo não estavam pendidas:
altas, escutavam o vento,
um vento de setembro com qualquer coisa
dos janeiros limpos pelas chuvas
que jamais cessam de cintilar
na memória.
E o vento falou, depois enovelou-se no capim e dormiu.
Merecidamente, deve ter pensado o que o escutara
e, escutando-o, sentira novo gosto pela vida.
Foi o que concluí, olhando disfarçadamente o velho caçador
erguer-se e distanciar-se pelo campo verde,
soprado assim por um vento
que todos nós gostaríamos de ouvir,
agora jovem perdigueiro
indo-se como, digamos, um barco branco
de orelhas pandas,
leve e cada vez mais longínquo,
até se desfazer azul na tarde
azul.
(Autor: Ruy Espinheira Filho)
Nenhum comentário:
Postar um comentário