Amordaço os olhos,
para eles não mais gritarem inquietudes.
Costuro o coração e prendo ali
todas as mágoas sentidas,
daquelas que se cultiva
como flores raras de um jardim.
Acorrento os movimentos,
para que deles delicadezas não voem
nem por aí passeiem
como vitrines de mim.
Embruteço as palavras
e elas não mais deixarão
rastros de serenidade,
nem mesmo sonharão a liturgia
de um dia se banharem na poesia.
Sem ter a porta do silêncio,
abro janelas à ventania
e abasteço a reclusão,
com apatia e negação.
Fecho-me nos descaminhos da ida
sem sequer ter acenado a despedida,
até permitir que a madrugada inquieta
arrebente-me as grades
e, novamente, resgate
aquela alma de poeta...
(Autora: Marise Ribeiro)
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