UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 13 de março de 2009

A Simbologia da Quaresma tem origem na Biblia


O termo Quaresma provém do latim Quadragésima e significa quarenta dias ou, talvez mais apropriadamente, o "quadragésimo dia". A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. Nesta, é falada dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias e Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo de nossa vida na terra, seguido de provações e dificuldades. A prática da Quaresma data desde o século IV, quando se dá a tendência a constituí-la em tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência.
Conservada com bastante vigor, ao menos em um princípio, nas Igrejas do oriente, a prática penitencial da Quaresma tem sido cada vez mais abrandada no ocidente, mas deve-se observar um espírito penitencial e de conversão.
Período foi marcado pela tristeza e penitência.
Mais do que a preparação para um evento importante (a Páscoa), como é encarada nos dias de hoje, a Quaresma era um período de tristeza, dor, luto e penitência. Os padres seguiam ao pé da letra trechos da Bíblia como a Epístola de São Paulo aos Romanos, que diz: "Participamos dos sofrimentos de Cristo para participarmos também da sua glória".
A imposição dos pais (que por sua vez já vinha de família) marcava as crianças, que acostumaram-se a trocar as brincadeiras e a alegria pela dor e pesar nos quarenta dias da Quaresma, assimilando rituais que muitos até hoje, depois de adultos, não entendem direito para que serviam.
Por outro lado, também eram tempos de grande fraternidade e amor pelo próximo. Abstinência de carne em toda sexta-feira durante os 40 dias, missas em latim, oração que varava a madrugada, Vias Sacras, nada de festas, bailes, música, barulhos - todas estas imposições rigorosas da Quaresma foram suavizadas no famoso Concílio Vaticano II, realizado nos anos 60, e que promoveu uma verdadeira reforma litúrgica.

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