UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Santos Juninos - Dia 29 de Junho - São Pedro

Ao Pescador são entregues as chaves do Reino dos Céus,
donde a devoção cultivada àquele sempre é visto
de plantão à porta do Céu!
A imagem da construção ocorre muitas vezes na Sagrada
Escritura, apontando, ora para a dignidade dos edifícios,
ora para o material utilizado ou as pessoas envolvidas
nas edificações. São comparações nas quais podem ser
como que dependuradas as várias atitudes diante
do mistério de Deus e a aventura da fé,
a que todos são chamados.
O Apóstolo São Pedro absorveu de forma interessante
esta imagem: "Como pedras vivas, formai um edifício
espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.
Com efeito, nas Escrituras se lê: ‘Eis que ponho em Sião
uma pedra angular, escolhida, honrosa; quem nela confiar,
não será confundido’. De vós, que credes, ela é a honra! 
Mas para os que não creem, ‘a pedra que os construtores
rejeitaram tornou-se a pedra angular’ e ‘pedra de tropeço,
pedra que faz cair’: nela tropeçam os que não acolhem a
Palavra; esse é o destino deles. Mas vós sois a gente
escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele
adquiriu, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele
que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.
Vós sois aqueles que antes não eram povo, agora, porém,
são povo de Deus; os que não eram objeto de misericórdia,
agora, porém, alcançaram misericórdia”.
(1 Pd 2, 5-10; Cf. Sl 117, 22; Cf. Is 28,16)
Ele mesmo teve que se confrontar com aquela pedra
angular da construção, sem a qual tudo vem abaixo.
E Jesus Cristo, que é a porta necessária (Cf. Jo 10, 7-9), veio
ao seu encontro, talhando pouco a pouco aquele que veio a
ser também chamado com o nome Pedro, que vem de Pedra.
Na região de Cesareia de Filipe, como nos narra o
Evangelista São Mateus (Cf. Mt 6, 13-20), aconteceu um
diálogo fundamental na compreensão da vocação de Pedro.
Até aquela altura da narrativa evangélica, eram muitas as
multidões que se acercavam de Jesus.
Delas emerge, pouco a pouco, o grupo dos discípulos e entre
eles os doze, que foram depois chamados apóstolos.
É um processo de formação, com o qual o Senhor prepara
aqueles que deveriam continuar o anúncio do Reino de Deus
e a constituição da Igreja. Chega um momento decisivo,
os discípulos próximos de Jesus, uma pergunta sobre a
opinião corrente a seu respeito, seguida da mais importante
questão para qualquer discípulo de todos os tempos: 
“E vós, quem dizeis que eu sou?”. (Mt 16, 15)
É a virada radical para aqueles homens simples!
O dono da resposta e da responsabilidade
se chama Simão: “Tu és o Messias,
o Filho do Deus vivo”. (Mt 16, 16)
Simão era pescador, homem de um temperamento rico de
defeitos e qualidades, generosidade e insegurança.
Tudo o que era humano nele estava presente.
Veio do mundo do trabalho, tinha família e sogra, barco
e rede. Certamente não lhe faltava nada no horizonte que
se abria em torno do Lago de Nazaré, Mar da Galileia.
Foi cultivado pelo Senhor Jesus com a paciência que
só Deus tem, e Ele é Deus!
Agora, aquele que humanamente talvez não fosse
o melhor de todos, dá a resposta da fé, conduzido
interiormente pelo Pai que está no Céu.
E o Senhor muda seu nome. Simão se torna Pedro,
o pescador de Peixes se transforma em Pescador de Homens.
( Cf. Lc 5, 1-11) Sobre a sua profissão de fé há de se edificar
a Igreja. Ao Pescador são entregues as chaves do Reino
dos Céus, donde a devoção cultivada àquele sempre é visto
de plantão à porta do Céu! 
Até atribuem a ele o controle do clima!
São atribuições desproporcionais à pequenez do homem
simples da Galileia: “Tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será
desligado nos céus”. (Mt 16, 19)
O Céu se compromete com a Terra, para agradável surpresa
da humanidade ansiosa pela eternidade! O nó que ata
os homens e mulheres aos seus próprios defeitos e pecados
pode ser desfeito pelo ministério do perdão
e da misericórdia, à disposição de quem se abre à graça!
Generosidade eterna que se põe à disposição
no dia a dia dos cristãos.
Após a confissão de fé proferida por Pedro, em nome
de todo o grupo de discípulos, o processo formativo
continua. Simão Pedro deverá entender, a duras penas,
a realidade da Cruz, cujo anúncio escandaliza!
“Jesus começou a mostrar aos discípulos que era necessário
ele ir a Jerusalém, sofrer muito da parte dos anciãos, sumos
sacerdotes e escribas, ser morto e, no terceiro dia, ressuscitar.
Então Pedro o chamou de lado e começou a censurá-lo: ‘Deus
não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!’
Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: ‘Vai para trás de
mim, satanás! Tu estás sendo para mim uma pedra de
tropeço, pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim,
as dos homens!’” (Mt 16, 21-23), precisou ouvir do Senhor
palavras exigentes, marcadas com o timbre da verdade, que o
conduziu ao cumprimento da exigente missão de ser “Pedra”:
“Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos,
como se faz com o trigo. Eu, porém, orei por ti, para que tua
fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus
irmãos’. Simão disse: ‘Senhor, eu estou pronto para ir contigo
até mesmo à prisão e à morte!’ Jesus, porém, respondeu:
‘Pedro, eu te digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes
negarás que me conheces’”. (Lc 22, 31-34)
sados os anos, veio efetivamente a confirmar os irmãos
com o derramamento de seu sangue, na cidade de Roma.
Seu ministério permanece nos sucessores que vieram.
O ofício pastoral de Pedro se realiza no Papa, Bispo de
Roma, princípio e fundamento da unidade da Igreja. (Cf.
Catecismo da Igreja Católica, 880-882) 

(Fonte: terra.com.br)

Nenhum comentário: