NASCIMENTO
Em vez de junina, muitos chamam os festejos de São João,
Com satisfação lembramos a santidade de São João Batista
(Fonte: ofsbc.wordpress.com)
Em vez de junina, muitos chamam os festejos de São João,
pois dia 24 é o auge das
festividades, exatamente quando
se comemora o aniversário de São
João Batista,
o santo festeiro.
A lenda diz que nesse dia ele
prefere dormir o dia todo para
não ver as fogueiras na Terra e
ficar com vontade de descer
e comemorar também. Por isso
mesmo,
as pessoas soltam fogos de
artifício para tentar acordá-lo.
Entre os costumes católicos, a
Festa Junina é marcada pelo
levantamento do mastro de São
João.
Foi São João quem criou o batismo
e que batizou
o primo Jesus.
Com satisfação lembramos a santidade de São João Batista
que, pela sua vida e missão, foi
consagrado por Jesus como
o último e maior dos
profetas:
“Em verdade eu vos digo, dentre
os que nasceram de mulher,
não surgiu ninguém maior que
João, o Batista... De fato,
todos os profetas, bem como a
lei, profetizaram até João.
Se quiserdes compreender-me, ele
é o Elias
que deve voltar”. (Mt
11,11-14)
“Pois ele será grande perante o
Senhor; não beberá nem
vinho, nem bebida fermentada, e
será repleto do Espírito
Santo desde o seio de sua mãe.
Ele reconduzirá muitos dos
filhos de Israel ao Senhor seu
Deus: e ele mesmo caminhará
à sua frente...” ( Lc
1, 15)
Desta forma, através do martírio,
o Santo Precursor deu
sua vida e recebeu em recompensa
a Vida Eterna reservada
àqueles que vivem com amor e
fidelidade os mandamentos
de Deus.
MARTÍRIO
MARTÍRIO
João Batista fora o primeiro a
anunciar o reino de Cristo, e foi também o primeiro a sofrer. As paredes de uma
cela na prisão separavam-no agora da liberdade do deserto e das vastas
multidões suspensas de suas palavras. Estava prisioneiro na fortaleza de Herodes
Antipas. Grande parte do ministério de João Batista tivera lugar no território
leste do Jordão, o qual se achava sob o domínio de Antipas. O próprio Herodes
escutara as pregações de João. O dissoluto rei tremera ante o chamado ao
arrependimento. “Herodes temia a João, sabendo que era varão justo; [...] e
fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boamente o ouvia”. (Marcos 6:20) João
portou-se fielmente para com ele, acusando-o por sua iníqua aliança com
Herodias, mulher de seu irmão. Por algum tempo Herodes procurou fracamente
quebrar a cadeia de concupiscência que o ligava; mas Herodias prendeu-o mais
firmemente em suas redes, e vingou-se de Batista, induzindo Herodes a lançá-lo
na prisão.
A vida de João fora de ativo
labor, e as sombras e a inatividade da prisão pesavam fortemente sobre ele. Ao
passar semana após semana, sem trazer nenhuma mudança, o acabrunhamento e a
dúvida se foram sutilmente apoderando dele. Seus discípulos não o abandonaram.
Era-lhes permitida entrada na prisão; levaram-lhe notícias das obras de Jesus e disseram-lhe como o povo se estava aglomerando em torno d'Ele. Mas indagavam
por que, se esse novo mestre era o Messias, nada fazia para que João fosse
solto? Como podia Ele permitir que Seu fiel precursor fosse privado da liberdade
e talvez da vida?
Essas perguntas não deixaram de
produzir efeito. Dúvidas que, do contrário, nunca teriam sido suscitadas, foram
então sugeridas a João. Satanás regozijou-se em ouvir as palavras desses
discípulos e ver como elas quebrantaram o coração do mensageiro do Senhor. Oh!
quantas vezes os que se julgam amigos de um homem bom e anseiam mostrar sua
fidelidade para com ele, se demonstram os mais perigosos inimigos! Quantas
vezes, em lugar de lhe fortalecer a fé, suas palavras deprimem e desanimam!
Como os discípulos do Salvador,
João Batista não compreendia a natureza do reino de Cristo. Esperava que Jesus
tomasse o trono de Davi; e, ao passar o tempo, e o Salvador não reclamar
nenhuma autoridade real, João ficou perplexo e turbado. Declarara ao povo que,
a fim de o caminho ser preparado diante do Senhor, a profecia de Isaías devia
ser cumprida, os montes e os outeiros se deviam abaixar, endireitar os caminhos
tortuosos, e os lugares ásperos ser aplainados. Esperava que as elevações do
orgulho e do poder humanos fossem derribadas. Apresentara o Messias como Aquele
cuja pá estava em Sua mão, e que limparia inteiramente Sua eira, ajuntaria o
trigo no celeiro, e queimaria a palha com fogo que não se apagaria. Como o
profeta Elias, em cujo espírito e poder ele próprio viera a Israel, esperava
que o Senhor Se revelasse como um Deus que responde por fogo.
O Batista fora, em sua missão,
um destemido reprovador da iniquidade, tanto nos lugares
elevados como nos humildes. Ousara enfrentar o rei Herodes com a positiva
repreensão do pecado. Não tivera a vida por preciosa, contanto que cumprisse a
missão que lhe fora designada. E agora, de sua prisão, aguardava que o Leão da
tribo de Judá abatesse o orgulho do opressor, e libertasse o pobre e o que
clamava. Mas Jesus parecia contentar-Se com reunir discípulos em volta de Si,
curar e ensinar o povo. Comia à mesa dos publicanos, ao passo que dia a dia
mais pesado se tornava o jugo romano sobre Israel, o rei Herodes e a vil amante
faziam sua vontade, e o clamor do pobre e sofredor subia ao Céu.
Ao profeta do deserto tudo isso
se afigurava um mistério além de sua penetração. Havia horas em que os
cochichos dos demônios lhe torturavam o espírito, e a sombra de um terrível
temor, dele se apoderava. Poder-se-ia dar que o longamente esperado Libertador
ainda não houvesse aparecido? Então, que significaria a mensagem que ele
próprio fora compelido a anunciar? João sentira-se cruelmente decepcionado com
o resultado de sua missão. Esperara que a mensagem de Deus tivesse o mesmo efeito
que produzira a leitura da lei nos dias de Josias (2 Crônicas 34) e de Esdras
(Neemias 8, 9); que se seguiria uma profunda obra de arrependimento e volta ao
Senhor. Ao êxito dessa obra, toda a sua existência fora sacrificada. Havia isso
sido em vão?
João sentiu-se perturbado por
ver que, pelo amor que lhe tinham, seus discípulos estavam nutrindo
incredulidade a respeito de Jesus. Teria acaso sido infrutífero seu trabalho em
favor deles? Teria sido infiel em sua missão, para ser agora excluído do labor?
Se o Libertador tinha aparecido, e João se provara fiel a sua vocação, não
havia Jesus de derribar agora o poder do opressor e libertar Seu arauto?
Mas o Batista não abandonou sua fé em Cristo. A lembrança da voz do Céu e da pomba que descera, da imaculada pureza de Jesus, do poder do Espírito Santo que sobre ele próprio repousara ao encontrar-se em presença do Salvador, e do testemunho das escrituras proféticas — tudo testificava de que Jesus de Nazaré era o Prometido.
Mas o Batista não abandonou sua fé em Cristo. A lembrança da voz do Céu e da pomba que descera, da imaculada pureza de Jesus, do poder do Espírito Santo que sobre ele próprio repousara ao encontrar-se em presença do Salvador, e do testemunho das escrituras proféticas — tudo testificava de que Jesus de Nazaré era o Prometido.
João não queria discutir suas
dúvidas e ansiedades com os companheiros. Decidiu enviar mensageiros a indagar
de Jesus. Isso confiou a dois de seus discípulos, esperando que uma entrevista
com o Salvador lhes confirmaria a fé, e traria certeza a seus irmãos. João
ansiava uma palavra de Cristo, proferida diretamente a ele.
Os discípulos foram ter com
Jesus, levando sua mensagem: “És Tu Aquele que havia de vir, ou esperamos
outro?”. (Mateus 11:3)
Quão pouco o espaço decorrido
desde que o Batista apontara a Jesus, e proclamara: “Eis o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo”, “Este era Aquele de quem eu dizia: O que vem depois de
mim é antes de mim!”. (João 1:29, 27) E agora, pergunta: “És Tu Aquele que
havia de vir?”. Isso era profundamente cruel e decepcionante para a natureza
humana. Se João, o fiel precursor, deixava de discernir a missão de Cristo, que
se poderia esperar da interesseira multidão?
O Salvador não respondeu
imediatamente à pergunta dos discípulos. Enquanto eles ficavam por ali,
admirados de Seu silêncio, os enfermos e aflitos iam ter com Ele para ser
curados. Os cegos iam às apalpadelas, abrindo caminho entre a multidão; doentes
de todas as classes, alguns buscando conseguir por si mesmos passagem, outros
conduzidos pelos amigos, comprimiam-se, todos ansiosos de chegar à presença de
Jesus. A voz do poderoso Médico penetrava o ouvido surdo. Uma palavra, um toque
de Sua mão, abria os olhos cegos à contemplação da luz do dia, das cenas da
natureza, do rosto dos amigos e do semblante do Libertador. Jesus repreendia a
moléstia e expulsava a febre. Sua voz chegava aos ouvidos dos moribundos e
erguiam-se com saúde e vigor. Paralisados possessos obedeciam-Lhe a voz,
desaparecia-lhes a loucura, e O adoravam. Ao mesmo tempo que lhes curava as
doenças, ensinava o povo. Os pobres camponeses e trabalhadores evitados pelos
rabis como imundos, rodeavam-nO de perto, e Ele lhes dizia as palavras de vida
eterna.
Assim se passou o dia, os
discípulos de João vendo e ouvindo tudo. Por fim Jesus os chamou a Si,
pediu-lhes que fossem, e dissessem a João o que haviam testemunhado,
acrescentando: “Bem-aventurado é aquele que se não escandalizar em Mim.” A
prova de Sua divindade mostrava-se na adaptação da mesma às necessidades da
humanidade sofredora. Sua glória revelava-se na complacência que tinha para com
nossa baixa condição.
Os discípulos levaram a
mensagem, e foi o suficiente. João recordou a predição concernente ao Messias:
“O Senhor Me ungiu, para pregar boas-novas aos mansos; enviou-Me a restaurar os
contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão
aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor”. (Isaías 61:1, 2) As obras de
Cristo não somente manifestavam que Ele era o Messias, mas mostravam a maneira
por que Seu reino havia de ser estabelecido. A João revelara-se a mesma verdade
que se desvendara a Elias no deserto: “um grande e forte vento [...] fendia os
montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava
no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no
terremoto; e depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no
fogo” (1 Reis 19:11, 12); e depois do fogo o Senhor falou ao profeta por uma
voz mansa e delicada. Assim Jesus devia fazer Sua obra, não com o choque das
armas, nem a subversão de tronos e reinos, mas falando ao coração dos homens
por uma vida de misericórdia e sacrifício.
O princípio da própria vida do
Batista, a abnegação, era o princípio do reino do Messias. João bem sabia quão
estranho era tudo isso aos princípios e esperanças dos guias de Israel. Aquilo
que para ele era convincente testemunho da divindade de Cristo, não seria prova
nenhuma para eles. Estavam aguardando um Messias que não fora prometido. João
viu que a missão do Salvador só podia receber deles ódio e condenação. Ele, o precursor,
não estava senão bebendo do cálice que o próprio Cristo havia de esgotar até às
fezes.
As palavras do Salvador:
“Bem-aventurado é aquele que se não escandalizar em Mim”, eram uma branda
repreensão a João. Não foi em vão para ele. Compreendendo mais claramente agora
a natureza da missão de Cristo, entregou-se a Deus para a vida e para a morte,
segundo melhor conviesse aos interesses da causa que amava.
Depois da partida dos
mensageiros, Jesus falou ao povo a respeito de João. O coração do Salvador dilatou-se
em simpatia para com a fiel testemunha agora sepultada na prisão de Herodes.
Não deixaria que o povo concluísse que Deus havia abandonado João, ou que sua
fé falecera no dia da prova. “Que fostes ver no deserto?” disse, “uma cana
agitada pelo vento?”. (Mateus 11:7)
As altas canas que cresciam ao
lado do Jordão, agitando-se a cada brisa, eram apropriadas representações dos
rabis que se haviam constituído críticos e juízes da missão do Batista. Eles
pendiam nesta e naquela direção, segundo os ventos da opinião popular. Não se
queriam humilhar para receber a penetrante mensagem do Batista, todavia por
temor do povo não tinham ousado opor-se abertamente a sua obra. O mensageiro de
Deus, porém, não era de espírito assim covarde. As multidões reunidas em torno
de Cristo tinham testemunhado a obra de João. Haviam-lhe escutado a destemida
repreensão do pecado. Aos fariseus cheios de justiça própria, aos sacerdotes
saduceus, ao rei Herodes e sua corte, príncipes e soldados, publicanos e
camponeses, a todos falara João com igual franqueza. Não era uma cana trêmula,
agitada pelos ventos do louvor ou preconceitos humanos. Na prisão, foi, em sua
lealdade para com o Senhor e seu zelo pela justiça, o mesmo que ao pregar a
mensagem de Deus no deserto. Em sua fidelidade aos princípios, era firme como a
rocha.
Jesus continuou: “Sim, que
fostes ver? Um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão na casa
dos reis”. (Mateus 11:8) João fora chamado a reprovar os pecados e excessos de
seu tempo, e seu singelo vestuário e vida abnegada estavam em harmonia com seu
caráter e missão. Ricos trajes e os luxos da vida não constituem a porção dos
servos de Deus, mas dos que residem “nas casas dos reis”, os dominadores deste
mundo, aos quais pertencem seu poder e riquezas. Jesus desejava chamar a
atenção para o contraste existente entre o vestuário de João e o que era usado
pelos sacerdotes e líderes. Esses oficiais paramentavam-se com ricas
vestimentas e dispendiosos ornamentos. Amavam a ostentação, e esperavam deslumbrar
o povo, impondo assim mais consideração. Estavam mais ansiosos de conquistar a
admiração dos homens, do que de obter a pureza íntima, que tem a aprovação de
Deus. Mostravam assim que sua lealdade não era para com Deus, mas com o reino
deste mundo.
“Mas então que fostes ver?”
disse Jesus. “Um profeta? Sim, vos digo Eu e muito mais do que profeta; porque
é este de quem está escrito: “Eis que diante da Tua face envio o Meu anjo, que
preparará diante de Ti o Teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de
mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista”. (Mateus
11:9-11) No anúncio feito a Zacarias, antes do nascimento de João, o anjo
declarara: “Será grande diante do Senhor”. (Lucas 1:15) Que, em face da
maneira de avaliar do Céu, constitui a grandeza? Não o que o mundo considera
como tal; não riqueza, nem posição, nem nobreza de linhagem, nem dons
intelectuais considerados em si mesmos. Se grandeza intelectual, à parte de
qualquer consideração mais elevada, é digna de honra, então Satanás merece
nossa homenagem, que suas faculdades intelectuais nenhum homem já igualou. Mas,
quando pervertido para o serviço do próprio eu, quanto maior o dom, tanto maior
maldição se torna. Valor moral, eis o que é estimado por Deus. Amor e pureza
são os atributos que mais aprecia. João era grande aos olhos do Senhor quando,
em presença dos emissários do Sinédrio, diante do povo e perante seus próprios
discípulos, se absteve de buscar honra para si, mas encaminhou todos para Jesus
como o Prometido. Sua desinteressada alegria no ministério de Cristo, apresenta
o mais elevado tipo de nobreza já revelado em homem.
O testemunho dado a seu respeito, depois de morto, pelos que o ouviram testificar de Jesus, foi: “João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse d'Este era verdade”. (João 10:41) Não foi concedido ao Batista fazer cair fogo do Céu, ou ressuscitar um morto, como fizera Elias, ou empunhar a vara do poder de Moisés em nome de Deus. Foi enviado para anunciar o advento do Salvador, e chamar o povo a preparar-se para Sua vinda. Tão fielmente cumpriu ele sua missão, que, ao recordar o povo o que lhes ensinara a respeito de Jesus, podiam dizer: “Tudo quanto João disse d'Este era verdade.” Um testemunho assim todo discípulo de Cristo é chamado a dar de seu Mestre.
O testemunho dado a seu respeito, depois de morto, pelos que o ouviram testificar de Jesus, foi: “João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse d'Este era verdade”. (João 10:41) Não foi concedido ao Batista fazer cair fogo do Céu, ou ressuscitar um morto, como fizera Elias, ou empunhar a vara do poder de Moisés em nome de Deus. Foi enviado para anunciar o advento do Salvador, e chamar o povo a preparar-se para Sua vinda. Tão fielmente cumpriu ele sua missão, que, ao recordar o povo o que lhes ensinara a respeito de Jesus, podiam dizer: “Tudo quanto João disse d'Este era verdade.” Um testemunho assim todo discípulo de Cristo é chamado a dar de seu Mestre.
Como precursor do Messias, João
era “muito mais do que profeta”. Pois ao passo que os profetas haviam visto de
longe o advento de Cristo, a João foi dado contemplá-Lo, ouvir do Céu o
testemunho de Sua messianidade, e apresentá-Lo a Israel como o Enviado de Deus.
Todavia, Jesus disse: “Aquele que é o menor no reino dos Céus é maior do que
ele”. (Mateus 11:11)
O profeta João foi o elo que
ligou as duas dispensações. Como representante de Deus, apresentou-se para
mostrar a relação da lei e dos profetas para com a dispensação cristã. Era a
luz menor, que havia de ser seguida por outra maior. A mente de João era
iluminada pelo Espírito Santo, a fim de que projetasse luz sobre seu povo;
nenhuma outra luz, porém, nunca brilhou nem jamais brilhará tão claramente
sobre os caídos homens, como a que emanou dos ensinos e exemplos de Jesus.
Cristo e Sua missão, segundo eram tipificados nos sacrifícios simbólicos, não
foram compreendidos senão muito vagamente. O próprio João não entendera
plenamente a vida futura e imortal mediante o Salvador.
Exceto a alegria que João
encontrara em sua missão, sua existência foi de dores. Raras vezes fora sua voz
ouvida a não ser no deserto. O isolamento foi a sorte que lhe coube. E não lhe
foi dado ver os frutos de seus labores. Não teve o privilégio de estar com
Cristo, e testemunhar a manifestação de poder divino que acompanhava a maior
luz. Não lhe foi concedido ver o cego utilizando a visão, o enfermo
restabelecido e o morto ressuscitado. Não contemplou a luz que irradiava de
cada palavra de Cristo, derramando glória sobre as promessas da profecia. O
menor discípulo que viu as poderosas obras de Cristo e Lhe ouviu as palavras,
foi, nesse sentido, mais altamente privilegiado que João Batista e, portanto,
diz-se ter sido maior do que ele.
Através das vastas multidões
que haviam escutado as pregações de João, sua fama espalhara-se pela terra.
Profundo era o interesse sentido quanto ao resultado de sua prisão. Mas sua
vida irrepreensível e o forte sentimento público em seu favor levavam a crer
que nenhuma medida violenta seria tomada contra ele.
Herodes acreditava que João era
profeta de Deus e tinha toda a intenção de o pôr em liberdade. Adiava, porém,
seu desígnio, por temor de Herodias.
Herodias sabia que, por meios
diretos, nunca poderia obter o consentimento de Herodes para a morte de João, e
resolveu realizar seu intento por meio de estratagema. No dia do aniversário do
rei, devia ser oferecida uma festa aos funcionários do Estado e aos nobres da
corte. Haveria banquete e bebedice. Herodes ficaria assim sem o natural
controle, podendo ser então influenciado segundo a vontade dela.
Ao chegar o grande dia e estar
o rei se banqueteando e bebendo com seus grandes, Herodias mandou sua filha à
sala do banquete para dançar a fim de entreter os convivas. Salomé estava no
viço da juventude e sua voluptuosa beleza cativou os sentidos dos nobres
comensais. Não era costume que as senhoras da corte aparecessem nessas
festividades, e foi prestada a Herodes lisonjeira homenagem, quando essa filha
de sacerdotes e príncipes de Israel dançou para entretenimento de seus
convidados.
O rei estava perturbado pelo
vinho. A razão foi destronada e a paixão tomou o comando. Viu unicamente a sala
de prazer, com os divertidos hóspedes, a mesa do banquete, o vinho cintilante,
o brilho das luzes e a jovem que dançava diante dele. No impulso do momento,
desejou fazer qualquer exibição que o exaltasse diante dos grandes do reino.
Com juramento, prometeu dar à filha de Herodias fosse o que fosse que ela
pedisse, até mesmo a metade do reino.
Salomé correu para a mãe, a fim
de saber o que devia pedir. A resposta estava pronta — a cabeça de João
Batista. Salomé desconhecia a sede de vingança que havia no coração da mãe e
recuou ante a ideia de apresentar esse pedido; a decisão de Herodias
prevaleceu, porém. A menina voltou com a terrível petição: “Dá-me aqui num
prato a cabeça de João Batista”. (Mateus 14:8)
Herodes ficou atônito e
confundido. Cessou a ruidosa festa, e um sinistro silêncio baixou sobre a cena
de orgia. O rei sentiu-se tomado de horror ante a idéia de tirar a vida de
João. No entanto, sua palavra estava empenhada, e não queria parecer
inconstante ou precipitado. O juramento fora feito em honra dos hóspedes e se
um deles houvesse proferido uma palavra contra o cumprimento da promessa, de
boa vontade teria poupado o profeta. Deu-lhes oportunidade de falar em favor do
preso. Eles haviam caminhado longas distâncias para ouvir a pregação de João e
sabiam ser ele homem isento de crime e servo de Deus. Mas, conquanto chocados
com o pedido da jovem, estavam demasiado embrutecidos para fazer qualquer
objeção. Voz alguma se ergueu para salvar a vida do mensageiro do Céu. Estes
homens ocupavam altas posições de confiança na nação, e sobre eles pesavam
sérias responsabilidades; tinham-se, no entanto, entregue a comer e a beber até
que os sentidos lhes ficaram embotados. Transtornou-se-lhes o cérebro com a
estonteante cena de música e dança, e a consciência jazia adormecida. Com seu
silêncio, proferiram a sentença de morte contra o profeta de Deus, para
satisfazer a vingança de uma mulher depravada.
Herodes em vão esperou para ser libertado do juramento; então, relutantemente, ordenou a execução do profeta. Em breve a cabeça do Batista foi levada perante o rei e os hóspedes. Selados estavam para sempre aqueles lábios que fielmente advertiram Herodes para se desviar da vida de pecado. Nunca mais se ouviria aquela voz, chamando os homens ao arrependimento. A orgia de uma noite custaria a vida de um dos maiores profetas.
Herodes em vão esperou para ser libertado do juramento; então, relutantemente, ordenou a execução do profeta. Em breve a cabeça do Batista foi levada perante o rei e os hóspedes. Selados estavam para sempre aqueles lábios que fielmente advertiram Herodes para se desviar da vida de pecado. Nunca mais se ouviria aquela voz, chamando os homens ao arrependimento. A orgia de uma noite custaria a vida de um dos maiores profetas.
Oh! Quantas vezes tem a vida de
um inocente sido sacrificada em razão da intemperança dos que deviam ter sido
os guardas da justiça! Aquele que leva aos lábios a taça intoxicante, torna-se
responsável por toda injustiça que possa cometer sob sua embrutecedora
influência. Entorpecendo os sentidos, torna a si mesmo impossível julgar serenamente
ou ter clara percepção do direito e do erro. Abre a Satanás o caminho para
operar por meio dele em oprimir e destruir o inocente. “O vinho é escarnecedor e a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio”.
(Provérbios 20:1) É por isso que “o juízo se tornou atrás, [...] e quem se
desvia do mal arrisca-se a ser despojado”. (Isaías 59:14, 15) Aqueles que têm
jurisdição sobre a vida de seus semelhantes, deveriam ser considerados culpados
de um crime quando se entregam à intemperança. Todos quantos executam as leis,
devem ser observadores das mesmas. Cumpre-lhes ser homens de domínio próprio.
Precisam ter inteiro controle sobre suas faculdades físicas, mentais e morais,
a fim de possuírem vigor intelectual e elevado senso de justiça.
A cabeça de João Batista foi
levada a Herodias, que a recebeu com infernal satisfação. Exultou em sua
vingança e lisonjeou-se de que não mais a consciência de Herodes seria
perturbada. Nenhuma felicidade, porém, lhe adveio de seu pecado. Seu nome tornou-se
notório e aborrecido, ao passo que Herodes foi mais atormentado pelo remorso do
que o havia sido pelas advertências do profeta. A influência dos ensinos de
João não emudeceu; ela se devia estender a cada geração até ao fim dos séculos.
O pecado de Herodes estava
sempre diante dele. Buscava constantemente alívio às acusações da consciência
culpada. Sua confiança em João ficou inabalável. Ao recordar-lhe a vida de
abnegação, seus solenes e fervorosos apelos, seu são juízo no conselho, e
lembrar então de como morrera, Herodes não podia encontrar sossego. Empenhado
nos negócios do Estado, recebendo honras dos homens, apresentava rosto
sorridente e aspecto de dignidade, ao passo que ocultava o coração ansioso,
sempre oprimido pelo temor de que pesava sobre ele uma maldição.
Herodes ficara profundamente
impressionado pelas palavras de João, de que não se pode ocultar coisa alguma a
Deus. Estava convencido de que Ele Se acha presente em todo lugar, que
testemunhara a orgia na sala do banquete, ouvira a ordem de degolar a João, vira Herodias exultante e os insultos que proferira para a decapitada cabeça
de seu reprovador. E muitas coisas que Herodes ouvira dos lábios do profeta
falavam-lhe agora à consciência mais distintamente do que fizera a pregação no deserto.
Quando Herodes ouviu falar das
obras de Cristo, sentiu-se imensamente perturbado. Pensou que Deus ressuscitara
a João e o enviara ainda com mais poder para condenar o pecado. Vivia em
constante temor de que João vingasse sua morte condenando-o, a ele e a sua
casa. Herodes estava ceifando aquilo que Deus declarara ser o resultado do
pecado — “coração tremente, e desfalecimento dos olhos, e desmaio da alma. E a
tua vida como suspensa estará diante de ti; e estremecerás de noite e de dia, e
não crerás na tua própria vida. Pela manhã dirás: Ah! quem me dera ver a noite!
E à tarde dirás: Ah! quem me dera ver a manhã! pelo pasmo de teu coração, com
que pasmarás, e pelo que verás com os teus olhos”. (Deuteronômio 28:65-67) Os
próprios pensamentos do pecador são seus acusadores; e não pode haver mais
penetrante tortura que os aguilhões da consciência culpada, que não lhe dá
repouso nem de dia nem de noite.
Para muitos espíritos, um
profundo mistério envolve a sorte de João Batista. Indagam porque teria sido
deixado a definhar-se e perecer na prisão. O mistério dessa escura providência,
nossa visão humana não pode penetrar; não poderá, no entanto, nunca abalar
nossa confiança em Deus, quando nos lembramos de que João nada mais foi do que
um participante dos sofrimentos de Cristo. Todos quantos O seguem hão de cingir
a coroa do sacrifício. Serão indubitavelmente mal compreendidos pelos
egoístas e se tornarão alvo dos ferozes assaltos de Satanás. Esse
princípio de abnegação é que seu reino se propôs destruir e guerreá-lo-á onde
quer que se manifeste.
A infância, juventude e idade
adulta de João caracterizam-se pela firmeza e poder moral. Quando sua voz se
fizera ouvir no deserto, dizendo: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as
Suas veredas”, (Mateus 3:3) Satanás temeu pela segurança de seu reino. A
culpabilidade do pecado era revelada de tal maneira, que os homens tremiam. Foi
despedaçado o poder de Satanás sobre muitos que lhe haviam estado sob o
controle. Ele fora incansável em procurar afastar o Batista de uma vida de
incondicional submissão a Deus; fracassara, porém. E fracassara igualmente
quanto a Jesus. Na tentação do deserto, Satanás fora derrotado e grande havia
sido seu furor. Decidira agora causar dor a Cristo, ferindo a João. Àquele a
quem não conseguia instigar ao pecado, havia de causar sofrimento.
Jesus não Se interpôs para
livrar Seu servo. Sabia que João havia de suportar a prova. De boa vontade
teria o Salvador ido ter com João, para, com Sua presença, aclarar-lhe as
sombras do cárcere. Mas não Se devia colocar nas mãos dos inimigos e pôr em
perigo Sua própria missão. Com prazer teria libertado Seu fiel servo. Mas por
amor de milhares que haveriam em anos posteriores, de passar da prisão para a
morte, João devia beber o cálice do martírio. Ao haverem os seguidores de Jesus
de definhar em solitárias celas, ou perecer pela espada, e pela tortura, ou na
fogueira, aparentemente abandonados de Deus e do homem, que esteio não lhes
seria ao coração o pensamento de que João Batista, de cuja fidelidade o próprio
Cristo dera testemunho, passara por idêntica experiência!
Foi permitido a Satanás
abreviar a vida terrena do mensageiro de Deus; mas aquela vida que “está
escondida com Cristo em Deus” (Colossenses 3:3), o destruidor não podia
atingir. Exultou por haver ocasionado aflição a Jesus, mas fracassara em vencer
a João. A morte em si mesma apenas o colocara para sempre além do poder da
tentação. Nessa contenda Satanás estava revelando o próprio caráter. Manifestou,
em presença do expectante Universo, sua inimizade para com Deus e o homem.
Conquanto nenhum miraculoso
livramento fosse proporcionado a João, ele não fora abandonado. Tivera sempre a
companhia dos anjos celestiais, que lhe abriram as profecias concernentes a
Cristo, e as preciosas promessas da Escritura. Estas foram seu sustentáculo,
como haviam de ser do povo de Deus nos séculos por vir. A João Batista, como
aos que vieram depois dele, foi dada a segurança: “Eis que Eu estou convosco
todos os dias, até à consumação dos séculos”. (Mateus 28:20)
Deus nunca dirige Seus filhos
de maneira diversa daquela por que eles próprios haveriam de preferir ser
guiados, se pudessem ver o fim desde o princípio e perscrutar a glória do
desígnio que estão realizando como colaboradores Seus. Nem Enoque, que foi
trasladado ao Céu, nem Elias, que ascendeu num carro de fogo, foi maior ou mais
honrado do que João Batista, que pereceu sozinho na prisão. “A vós vos foi
concedido, em relação a Cristo, não somente crer n'Ele, como também padecer por
Ele”. (Filipenses 1:29) E de todos os dons que o Céu pode conceder aos homens,
a participação com Cristo em Seus sofrimentos é o mais importante depósito e a
mais elevada honra.
São João Batista, rogai por nós!
(Fonte: ofsbc.wordpress.com)
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