UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Atribuições de Santo Antônio

O PÃO DOS POBRES

Essa prática consiste em doações para prover de pão os
pobres, honrando assim o "protetor dos pobres"
que é Santo Antônio. Uma tradição liga essa obra ao
episódio de uma mãe cujo filho se afogou dentro de um
tanque, mas recuperou a vida graças a Santo Antônio.
A mulher prometera que, se o filho recuperasse a vida,
daria uma porção de trigo igual ao peso do menino.
Por isso, no começo, esta obra foi conhecida como a obra
do "pondus pueri" (peso do menino).
Outra tradição relaciona a obra do pão dos pobres
com uma senhora de Tbulon, chamada Luísa Bouffier.
A porta do seu armazém tinha enguiçado de tal modo que
não havia outro remédio senão arrombar a porta.
Fez, então, uma promessa ao santo: se conseguisse abrir
a porta sem arrombá-la, doaria aos pobres uma quantia
de pães. E deu certo. Daí por diante, as petições ao santo
foram se multiplicando em diferentes necessidades.
Toda vez que alguém era atendido, oferecia certa quantia
de dinheiro para o pão dos pobres. A pequena mercearia
de Luísa Bouffier tornou-se uma espécie de oratório
ou centro social. A benéfica obra do "pão dos pobres"
teve extraordinário desenvolvimento, com diferentes
modalidades, e hoje é conhecida em toda parte.

SANTO DAS COISAS PERDIDAS

Esta tradição é antiquíssima, encontrando-se menção
dela no famoso responsório "Si quaeris miracula",
extraído do ofício rimado de Juliano de Espira.
Popularmente, o "Siquaeris" é mencionado como
uma oração para encontrar objetos perdidos.
A crença pode estar ligada a episódios da vida de Santo
Antônio como este: Quando ensinava teologia aos frades
em Montpeilier, na França, um noviço fugiu da Ordem
levando consigo o Saltério de Frei Antônio, com preciosas
anotações pessoais que utilizava nas suas lições.
Antônio rezou pedindo a Deus para dar jeito de reaver
o livro e foi atendido deste modo: enquanto o fugitivo
ia passando por uma ponte, foi subitamente tomado pelo
pavor, parecendo-lhe ver o demônio na sua frente que o
intimava: "Ou você devolve o Saltério ao Frei Antônio
ou vou jogá-lo da ponte para o rio!" Assustado e
arrependido, o jovem voltou ao convento com o saltério
e confessou ao santo a culpa.

SANTO CASAMENTEIRO

Assim é invocado pelas pessoas que desejam se casar e
lembrado pelo nosso folclore. Não se sabe qual a origem
dessa devoção. Talvez esteja ligada a algum milagre feito
pelo santo em favor das mulheres, por exemplo, quando fez
um recém-nascido falar para defender a mãe acusada
injustamente de infidelidade pelo pai.
Mas há outro episódio com explicação mais direta.
Certa senhora, no desespero da miséria a que fora reduzida,
decidiu valer-se da filha, prostituindo-a, para sair do
atoleiro. Mas a jovem, bonita e decidida, não aceitou de
forma alguma. Como a mãe não parava de insistir,
a moça resolveu recorrer à ajuda de Santo Antônio.
Rezava com grande confiança e muitas lágrimas diante
da imagem quando, das mãos do Santo, caiu um bilhete
que foi parar nas mãos da moça. Estava endereçado
a um comerciante da cidade e dizia:
"Senhor N..., queira obsequiar esta jovem que lhe entrega
este bilhete com tantas moedas de prata quanto o peso
do mesmo papel. Deus o guarde! Assinado: Antônio".
A jovem não duvidou e correu com o bilhete na mão
à loja do comerciante. Este achou graça. Mas, vendo a
atitude modesta e digna da moça, colocou o bilhete num
dos pratos da balança e no outro deixou cair uma moedinha
de prata. O bilhete pesava mais! Intrigado e sem entender
o que se passava, o comerciante foi colocando mais uma
moeda e outras mais, só conseguindo equilibrar
os pratos da balança quando as moedas chegaram
a somar 400 escudos.
O episódio tornou-se logo conhecido e a moça começou
a ser procurada por bons rapazes propondo-lhe casamento,
o que não tardou a acontecer, e o casamento foi muito feliz.
Daí por diante, as moças começaram a recorrer a Santo
Antônio sempre que se tratava de casamento.

(Fonte: cnbb.org.br)

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