UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O infinito

Jesus nasceu.
Na abóbada infinita soam cânticos,
 vivas de alegria;
e toda a vida universal palpita
dentro daquela pobre estrebaria...

 Não houve sedas, nem cetins, 
nem rendas no berço humilde 
em que nasceu Jesus,
 mas os pobres trouxeram oferendas
 para quem tinha de morrer na cruz.

 Sobre a palha risonho,
e iluminado pelo luar dos olhos de Maria,
 vede o menino Deus, que está cercado
 dos animais da pobre estrebaria.

 Não nasceu entre pompas reluzentes;
 nas humildade e na paz deste lugar,
 assim que abriu os olhos inocentes
foi para os pobres seu primeiro olhar.

 No entanto, os reis da terra, pecadores,
 seguindo a estrela que ao presepe os guia
vêm cobrir de perfumes e de flores
o chão daquela pobre estrebaria.

Sobem hinos de amor ao céu profundo:
homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!
Sobre esta palha está quem salva o mundo,
que ama os fracos, quem perdoa o mal.

Natal! Natal! Em toda a natureza
 há sorrisos e cantos, neste dia...
Salve o Deus da humanidade e da pobreza
 nascido numa pobre estrebaria.

(Autor Desconhecido)

Nenhum comentário: