UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Espera


Combinaram de sair no bloco
E o bloco ia passar em frente à sacada dela
Ele foi esperá-la pontualmente
Ela avisou lá de cima
que estava botando uma odalisca
E o bloco vinha vindo
E o bloco se aproximando
Era um bloco grande
De cortejo comprido
E chegou o bloco
E parou o bloco
E dançou e cantou o bloco
E se exibiu o bloco
E se arrastou o bloco
Lentamente
E foi-se embora o bloco
E já ia longe o bloco até o bloco sumir
Ele ficou cansado
Ficou danado
Ficou triste
Ela apareceu na porta de odalisca
Ele sorriu
Que importava o bloco?
Ela era para ele um carnaval inteiro.

(Autor: Sérgio Gramático Jr)

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