UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

POSSUA


Um coração que nunca endureça 
Uma emoção que nunca pressione 
Um toque que nunca magoe

Um carinho que nunca envelheça 
Uma doçura que não estacione 
Um coração que, por vezes, perdoe

Uma paixão que não enfraqueça 
Um prazer que nunca relaxe 
Um silêncio que nunca destoe

Uma verdade que nunca encareça 
Um medo que não ameace 
Uma tristeza que não amontoe

Uma amargura que não amanheça 
Uma alegria que nunca entristeça 
Uma fantasia que não voe

Uma felicidade que não empobreça 
Um desejo que nunca se apague 
E um amor que te abençoe...

(Autor: Blandinne)

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