UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 19 de dezembro de 2009

NATAL – O projeto de DEUS fazer-se homem

Natal!
A esta palavra está ligado todo um universo de símbolos:
a vela, as estrelas, as bolas resplandecentes, o pinheirinho,
o presépio, o boi e o asno, os pastores,
o bom José e a Virgem, o Menino repousando sobre palhas.
Eles constituem o eco do maior evento da história:
a encarnação de Deus.
Nasceram da fé e falam ao coração.
Apesar de toda a profanização, o Natal guarda ainda a sacralidade inviolável, sacralidade que é aquela da própria vida.
Toda vida é sagrada e remete para um ministério sacrossanto.
Por isso, todo atentado contra vida é uma agressão ao próprio Deus.
Na vida do Menino a fé celebra a manifestação da própria Vida
e a comunicação do próprio Ministério.
Humildes pastores deixam seu rebanho, e alegres ocorrem ao Rei do céu.
Nós igualmente, cheios de alegria.
No escuro e nas trevas.
A luz era fraca; podia-se ver pouca coisa.
É o símbolo da humanidade em situação de advento,
de espera e de expectativa.
Agora o menino veio.
É o que significa o Natal: a festa da luz, da vida
e do amor humanitário de nosso Deus.
A luz se acendeu; agora podemos ver tudo:
a Deus como Pai, os outros como irmãos,
o mundo como herança que o Pai nos deu.
Tudo isto por causa do Ministério desta noite santa e anunciada.
Nasceu o sol que não conhece mais o caso:
Jesus Cristo, Filho eterno de Deus e nosso Irmão bem-amado.
É para celebrar e nos alegrar que aqui estamos diante do presépio com os anjos do céu, com os homens da terra e com a natureza toda inteira.
Esta é a mensagem que vem dos anjos, mensageiros de Deus. O menino revela a glória de Deus.
Não é a glória de um rei, nem de um rico, nem de um forte.
É a glória de um Deus-criança que é inocência, candura, ternura e amor.
Diante da inocência cala a voz do poderoso para contemplar.
Diante da candura se dobra o violento para acariciar.
Diante da ternura abre-se o coração do insensível para se comunicar.
Diante do amor todos se extasiam e recuperam a alegria de viver.
É o que acontece com o Natal e com a glória de Deus que é a vida do homem.
Vivemos em conflitos de vida e morte.
Muitas vezes não somos irmãos, não raro, inimigos somos.
O Natal produz, por uns momentos ao menos, paz e reconciliação.
Diante do presépio sentimo-nos irmãos até com os animais.
Tudo se confraterniza:
o céu luminoso dos anjos com a terra escura dos homens.
Havia pastores nos campos de Belém.
Foram os primeiros a receber a grande notícia
do Nascimento da Luz verdadeira que ilumina todo homem
que vem a este mundo, Jesus.
Foram à gruta, guiados pela Luz.
Viram e se encheram de alegria.
Comunicaram a verdade que nos vem até hoje:
O esperado por todos os séculos acaba de nascer.
A graça de Deus não abandonou a terra dos homens.
O Salvador está em nosso meio!
Os pastores representam a humanidade inteira,
especialmente aquela porção que Deus mais ama:
os pobres e os humildes deste mundo.
O menino dá esperança aos desesperançados.
Consola os tristes.
Enxuga as lágrimas de todos os que sofrem as dores desta vida.
Irmãos, eis que vos anuncio uma bela notícia;
ela é de grande alegria para todo o povo:
Hoje nasceu-nos o Libertador que é o Cristo Senhor!
Junto do presépio descansaram o boi e o asno.
Nos campos ovelhas e cães de guarda.
No céu as estrelas seguem o seu curso.
Tudo vem banhado pela luz que jorra da gruta
onde repousa o Menino sobre palhinhas, sorrindo.
A natureza não ficou indiferente aos Nascimento de Deus.
Histórias antigas nos relatam que quando
tudo se quedava num profundo silêncio
e a noite estava no meio do seu curso,
então, de repente, fez-se um grande clarão no céu
e Deus desceu à terra.
Nasceu o Verbo da Vida.
Então as folhas que farfalhavam pararam como mortas.
Então o vento que sussurrava ficou parado no ar.
Então o galo que cantava interrompeu no meio do seu canto.
Então as águas do riacho que corriam estancaram.
Então as ovelhas que pastavam ficaram imóveis.
Então o pastor que erguia o seu cajado ficou petrificado no ar.
Então, neste momento, tudo parou, tudo silenciou, tudo se suspendeu:
nasceu Jesus Cristo, nosso Salvador e o Senhor de toda a criação.

(Autor Desconhecido)

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