UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Paz


Caminhemos até as árvores... 
o sonho Se fará em nós por virtude celeste.  
Caminhemos até as árvores; 
a noite Nos será branda, a tristeza leve.

Caminhemos até ás árvores,
 a alma Adormecida de perfume agreste.
  Cala-te, porém, sê piedoso, não fales;
  Não despertes os pássaros que dormem.

(Autora: Alfonsina Storni)

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