UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Meditando


Além da solidão, ninguém comigo...
Nem mesmo o pranto ou um sorriso triste
Assim, no meu silêncio então prossigo
Curtindo a dor que dentro em mim resiste.

Relembro as horas que passei contigo!
Cruel saudade me magoar persiste
Quisera te esquecer mas não consigo
Deter o amor que o meu viver consiste.

Diante a placidez serene e calma
Que me embriaga me envolvendo a alma
Meus olhos secos fitam o passado.

E desfilam por mim tantas lembranças
Que vicejaram cheias de esperanças
Para deixar meu peito amargurado.

(Autora: Bernardina Vilar)

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