UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 28 de outubro de 2012

Se...


Se eu fosse um ser comum,
Estaria ao lado do real.
Mas, a amplitude do imaginário,
Atrai-me, tem um encanto
Como nada existe igual.
O velho real é conhecido
E oferece menos perigo
Mas eu – ser incomum,
Para sentir-me bem,
Preciso ir mais além.
Ver o que vemos, é simples.
Trabalhar com o que temos, é fácil!
Já, enxergar o que muitos não vêem,
Ter sentimentos profundos, sem saber identificar,
Ver os cinzeiros além das cinzas,
Isso sim, faz parte do “imaginar”.
O que vemos é simplesmente o que vemos
E o que não se pode enxergar?
 Labirinto eterno, castelo quase inatingível,
 Mágico, talvez algo que eu possa vasculhar,
 Descobrir, entender e até alcançar.
 Minhas próprias teorias poderiam ficar
 Registradas, em algum lugar...

(Autora: Amorinha Presley)

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