UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 28 de outubro de 2012

Romance no Jardim


Curvada pelo vento gelado
aquela rosa beijava
o cravo que estava ao lado
completamente apaixonada

Usando as folhas como braços
ficavam se agarrando
era um escândalo o amasso
para os outras que estavam olhando

Como o amor é feito de surpresas
seus espinhos machucavam
comprometendo a beleza
do cravo que todas amavam

E nesse vai e vem constante
chega armado o jardineiro
com a tesoura cortante
levando a rosa do canteiro

No vaso pela janela
olhando o pobre coitado
murchando e ficando amarela
chorando o amor fracassado.

(Autor: José Luiz Cristofolletti)

Nenhum comentário: