UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 1 de abril de 2012

Santo Anselmo de Cantuária: Deus castiga com justiça e com justiça também perdoa


É justo, também, que tu castigues os maus.
 Haverá, pois, algo mais justo do que os bons
 receberem o bem e os maus o castigo?  

Como, então, pode ser justo ao mesmo tempo
 que tu castigues os maus e lhes perdoes? 
Ou será que, sob certo aspecto, tu castigas os maus 
com justiça e, sob outro, lhes perdoas, 
igualmente, com justiça?
Com efeito, é justo que tu castigues os maus, 
pois o mereceram; mas é, 
também, justo que lhes perdoes, 
não em virtude dos méritos que eles não têm, 
e sim porque isso condiz com a tua bondade.
Ao perdoares aos maus, 
tu és justo em relação a ti mesmo, não a nós,
 assim como és misericordioso 
em relação a nós, 
e não a ti. 

(Autor: Santo Anselmo)

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