UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 8 de abril de 2012

Das Aflições



Há dores que não 
encontram sinônimos.
Não existem palavras que

possam amenizá-las.
Há situações em que o 

silêncio é a única opção,
é pausa para uma reflexão, 

ainda que muda, tardia,
é noite que não termina, 

é ausência do dia.
Inútil o pranto, inútil o canto,
apenas um olhar de espanto...

Que do dia se faça música, pois a noite vem,
e enquanto pode, embala o filho querido,
ame o seu pai, ainda que incompreendido,
a sua mãe, ainda que cheia de falhas,
o irmão que se deu como rebelde,
ainda que cheio de dificuldades, com dissabor,
pois tudo é ausência do amor.

Se ainda não encontrou aquela pessoa especial,
segue amando a todos sem distinção,
não se entregue a futilidade da lamentação,
antes, alimente a alma, enriqueça o coração,
seja o que pode levar uma palavra de consolo,
o que atende, o que espera, o que aguarda.
O que ainda que ferido, não fere,
pois em tudo se compadece.

Ainda que a dor venha te visitar,
que te deixe mudo, sem ar,
ainda assim, olhe para o horizonte,
lá estão dois olhos a espreitar,
sondam a sua alma, vem confortar,
é Deus em infinita misericórdia,
esperando o seu recomeçar.

Ainda que o dia pareça um fardo pesado,
é um presente que só se revela a cada passo dado.
É caminho sem volta para a eternidade,
chave da felicidade.
Nunca deixe de lutar!
Eu acredito em você.

(Autor: Paulo Roberto Gaefke)

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