UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 18 de dezembro de 2010

É Natal...



O ruir de velhas esperanças,
E sentir que uma mão se estende...
É Natal.

O lutar uma vida inteira,
E sentir que alguém o relembra...
É Natal.

A lágrima da tristeza,
Seca com muito carinho...
É Natal.

Quando a dor nos corrói as entranhas,
E uma palavra de amor nos anima...
É Natal.

Quando tudo parece acabar,
E nos indicam um caminho...
É Natal.

O homem tudo cria afinal,
Os sentimentos são obra sua;
No palácio ou até na rua
Faz nascer ... O Natal.

(Autor: António Zumaia)

Nenhum comentário: