UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Borboletas são livres

Borboletas são livres
Minha alma também.
Anseio liberdade, beleza e amor
De ir, vir e sentir
Paixão, ar, calor.
Preciso criar...Voar
Sentir o vento nos cabelos
Mas os pés no chão.
Quero abraço
Mas quero espaço.
Mulher borboleta
Pequenina e voraz
Tem um vôo que seduz
Uma beleza que satisfaz.
Possuidora de uma leveza que conduz
De uma força que induz.
Sua fragilidade lhe traduz
Uma mulher que reluz!
Precisa de arte
Precisa que invada.
Que o coração dispare
Que a saudade mate.
Não a prenda
Traga flores para que venha.
Ela não é para qualquer um
Ela é da natureza
Ela é dela.
Tranque-a e ela morre.
Sopre-a no vento...
Que ela vai.
Mas espere
Pois ela volta.

(Autor: Carolina Salcides)

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