UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Soneto de um amor que não partir

Ah chuva, porque queres em ti o meu olhar?
Porque chamas a atenção prendendo-me a ti?
Com gotas que molham meu rosto, a lacrimar
E o teu cheiro traz a lembrança do que perdi...

Ah chuva, tua suavidade e beleza faz aflorar
A saudade de um grande amor que conheci
E no meu olhar molhado, sou toda recordar
Um amor tão grande que não quer partir...

Vejo a enxurrada que se vai calma e lenta
Lavando as calçadas, e as suas tormentas.
Resta no meu recanto o cinza tempestade.

Ah chuva, cadê o arco-íris que estava logo ali,
Se foi com o sol? Ou a Lua o expulsou daqui?
Volte SOL, e traga consigo a minha felicidade...

(Autor: Teresa Cordioli)

Nenhum comentário: