UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Nós


Na trama dos objetos
trançam fibras nossas.
Nos cabelos desfeitos
o contorno do transe e do sonho.
Em fronhas e livros
o selo do nosso sopro.

Durante o dia,
a luz desfaz
embaraça
refaz...
À noite, naufraga do teu olhar,
mergulho em teus brilhos,
e, juntos,
escurecemos.

(Autora: Elizabeth Gontijo)

Nenhum comentário: